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22 de agosto de 2009

UM DOS MEUS MAIORES VEXAMES PÚBLICOS

No final dos anos 90 eu ainda não era convertido, mas não era um cara de se meter em problemas. No entanto, vivia meio deprimido por um só fato: eu não arrumava mulher nem pagando. Quer dizer, nunca procurei uma que aceitasse pagamento, mas acho que mesmo estas não iam querer trabalhar para mim porque eu devia ter alguma uruca. Não era feito nem chato, sabe? Só era meio recluso. Sei lá, enfim...


No meio dessa pindaíba toda, um amigo meu (o Ricardo, o mesmo do Marins) me chamou para fazer uma das viagens mais bacanas que eu já fiz na vida: ir passar um feriado acampando em Trindade, perto de Paraty, RJ.


O lugar é lindo de morrer, e acampamos na areia da praia. Haviam campings controlados pelos pescadores que moravam lá. Chegamos de madrugada, montamos nossas barracas e desmoronamos. Amanheceu, o sol lindo de morrer, e o Ricardo e o MAD (estávamos em 5, tinha também a Bel, namorada do Ricardo, uma amiga dela e o MAD) estavam cortando limão para tomar com tequila e comer amendoim. DE CAFÉ DA MANHÃ.


Eu entrei na dança. O esquema era jogar sal no limão, chupar e então beber a tequila, direto na garrafa. Comíamos uns amendoins para forrar o estômago. E assim fomos.


Chegou uma hora que eu perdi o controle e não me lembro bem o que aconteceu. Lembro que o Ricardo se levantou para fazer alguma coisa, e o MAD foi junto. Fiquei eu, meia garrafa de tequila, uns limões e uns amendoins. Eu já estava ruim, e por isso mesmo é que fiz uma burrada imensa: continuei a tomar, chupar limão e comer amendoim.


De repente eu me dei conta de que estava muito mal. O mundo girava, e parecia que eu estava dormindo, só que acordado. Olhei para a garrafa e me assustei. Juro que para mim não tinha se passado nem 2 minutos, mas havia ali só um dedo de tequila! Ou eu tinha tomado mais de meia garrafa sozinho, em menos de uma hora, ou a tequila era tão etílica que evaporou rapidamente.


Lembro que me levantei, e ai o mundo girou de vez. É uma sensação terrível! Comecei a andar com a garrafa na mão sem saber o que fazer, mas me lembro que eu pensava “Anda reto, não cambaleie, não dê na cara, olha a vergonha!”.


Hoje eu tenho CERTEZA que qualquer um podia ver que eu estava MUITO bêbado. Eu me encontrei com a Bel, que falava com a amiga dela. Ao me ver, ela se assustou. Eu entreguei a garrafa na mão dela e disse algo como “Toma isso que eu não estou conseguindo parar de beber”. E nisso cambaleei de volta para a minha barraca, porque de repente um sono inacreditável me possuiu. Devia ser um coma alcoólico se aproximando, e um coma alcoólico em um lugar que nem um posto de saúde tinha devia ser algo muito perigoso.


Me joguei dentro da minha barraca e apaguei na hora. De repente, sei lá quanto tempo depois, o Ricardo veio na minha barraca gritando, acho que já imaginando o pior. Ele bateu na barraca e me mandou sair de lá imediatamente. Eu resmunguei alguma coisa, e ele não teve dúvida: com sua delicadeza usual, abriu a barraca, me pegou pelos pés e me arrastou pra fora com uma força tremenda. Eu gritava falando “PARA! PARA QUE EU VOU VOMITAR!”.


Ao ser arrastado para fora, eu fiquei de joelhos no meio do acampamento. Todos estavam olhando para mim, e quando eu digo todos, eram TODOS mesmo. O camping inteiro. Alguns segundos ali e então toda aquela tequila com limão e amendoim se revoltaram e quiseram me abandonar. Vomitei fartamente na areia da praia, ajoelhado, diante de umas 50 pessoas que começaram a rir da minha cara descontroladamente.


Me lembro que quando eu terminei, enterrei o vômito que nem um gato faz com suas necessidades, e então o Ricardo me levantou com a mesma delicadeza (já devia estar se perguntando porque diabos havia me chamado para ir com ele) e me arrastou para fora do camping, falando que a gente tinha que andar e que eu tinha que comer alguma coisa.


Passei o resto do dia completamente zumbi. Mal consegui comer, e naquele resto do feriado (era o primeiro dia) eu não bebi mais nada. Se tinha alguma garota de olho em mim naquela viagem, eu havia exterminado qualquer chance com ela naquele instante (minha esposa falaria “ainda bem”).


Desde aquela ocasião eu não bebi mais tequila. Mas sempre desconfiei que o problema devia ser com o limão.

Sem defender o consumo de bebida, mas verdade seja dita: essa maldita ocasião me ensinou a beber, e eu nunca mais tive problemas com a bebida.

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