LUTE

Combata o bom combate da fé. Tome posse da vida eterna, para a qual você foi chamado e fez a boa confissão na presença de muitas testemunhas - 1 Timóteo 6:12

SE DEIXE TRANSFORMAR

Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus - Romanos 12:2

ACEITE O SACRIFÍCIO

Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna - João 3:16

VÁ NA CONTRA-MÃO

Converta-se cada um do seu caminho mau e de suas más obras, e vocês permanecerão na terra que o Senhor deu a vocês e aos seus antepassados para sempre. Não sigam outros deuses para prestar-lhes culto e adorá-los; não provoquem a minha ira com ídolos feitos por vocês. E eu não trarei desgraça sobre vocês - Jeremias 25:5-6

REFLITA A LUZ DE JESUS

Pois Deus que disse: "Das trevas resplandeça a luz", ele mesmo brilhou em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Cristo - 2 Coríntios 4:6

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20 de janeiro de 2014

DEPRESSÃO E IDENTIDADE

Eu sabia que a depressão seria uma espécie ferida que nunca cicatrizaria. Que estaria comigo todos os dias, espreitando alguma fraqueza para poder se alimentar de novo e voltar a ter o tipo de prioridade que tinha em minha vida até alguns anos atrás. Me mudando novamente, fazendo com que eu deixasse de ser eu mesmo mais uma vez. Eu era uma pessoa e passei a ser uma segunda, e agora essa segunda passou a ser uma terceira. Não sei mais quem sou, e como tal não sei o que quero, nem o que aspiro. Não tenho sonhos, desejos, gostos ou propósitos. Estou perdido dentro de um labirinto em mim mesmo.

A depressão me parecia distante até algum tempo atrás. Pelo menos até hoje de manhã, quando vinha andando para o trabalho e, em um lugar muito ruim para se andar, onde a calçada quase não existe e onde eu tenho que andar praticamente na avenida - que é muito movimentada - e observei os carros passando a uma velocidade grande bem próximos a mim e pensei: e se eu "escorregasse" e caísse na frente de um desses carros? Tudo estará resolvido, toda a minha dor desaparecerá, eu não estarei mais vivo e nenhum questionamento e aflição permanecerão.

A ideia pareceu fazer sentido por alguns instantes, que duraram uma eternidade em minha mente.

Pensei se sentiria dor ao ser atropelado por um carro a 80km/h ou se eu sentiria apenas uma inércia confortante, um silêncio e uma paz que não encontro em lugar, momento ou pessoa algumas.

Obviamente constatei que sentiria dor - muita. E ainda haveria o risco de não morrer mas sim ficar aleijado, entrevado em uma cama, sofrendo por anos, definhando, e arrastando minha família comigo.

Isso me fez desistir.

Como já li em muitos lugares, suicídio não é para os fracos e covardes. Uma pessoa precisa de muita coragem para dar fim a própria vida - uma coragem que eu não tenho e nem sei se um dia terei. E se a pessoa tem coragem para isso, por que não tem coragem para algo menos drástico, como por exemplo dar uma guinada em sua vida e mudar o que tanto lhe aflige?

Porque essa pessoa não tem poder para mudar o que lhe aflige já que o que lhes afligem é a própria vida, as próprias pessoas, o próprio conceito de viver.

Me sinto oco novamente. Vazio, repleto de dor, aflição, ansiedade, auto-piedade, abandono e ódio. Muito ódio. Ódio contra o mundo e contra mim mesmo. Ódio devido a impotência diante de tudo. A incapacidade de resolver qualquer coisa, de solucionar o menor dos problemas, de ser alguém... alguém que nunca serei. Ódio das pessoas por vê-las bem e felizes (algo que me parece ofensivo e patético). Ódio por me sentir totalmente diferente delas, inferior. Ódio por não ser capaz de sentir e viver e apreciar o mundo. Ódio, ódio, ódio... apenas ódio por me ver preso em armadilhas mortais, amarrado a situações das quais poderia me desamarrar mas com medo das conseqüências não o faço. Ódio por ser um covarde, por temer mudanças, por não ser seguro de quem sou e do que posso fazer e de como me sairei. Ódio, apenas ódio... e vergonha, e medo, e pânico, e nojo de mim mesmo.

1 de janeiro de 2014

UM AUTÊNTICO ALIENÍGENA

Illustrations from the Nuremberg Chronicle, by Hartmann Schedel (1440-1514)
Um autêntico alienígena. É assim que me sinto em momentos como este - réveillon de 2013 para 2014.

Com a existência do Facebook fica mais fácil experimentar esta sensação. Vejo todos compartilhando fotos e comentários sobre como estão curtindo o momento, festejando com amigos e familiares na praia ou em suas casas ou em shows da virada, queimando fogos de artifício, comendo, bebendo e conversando. E eu aqui, em casa, escrevendo isso, jogando, conversando com minha esposa, ouvindo música, ou seja, passando este período tentando ao máximo possível ignorar o que meu preconceito classifica como reação exagerada de felicidade incondicional, mas que na verdade é apenas a expressão da liberdade individual que cada um tem em comemorar um acontecimento como lhe convêm dentro dos limites legais - e se todos aceitam uma convenção social que lhes diz para usar roupas brancas, queimar fogos de artifício e se comportar de uma certa forma, não tenho o direito de julgar, mas me reservo a opção de não adotar a conduta convencional - não para ser intransigente, mas sim por não gostar desta.

Voltando ao Facebook, vejo postagens das pessoas se vestindo e maquiando super bem, se produzindo, tirando fotos para mostrar como estão felizes, como tem vidas divertidas, como são bacanas e como a depressão, estresse, miséria psicológica, intriga, maldade, pressão, medo, abandono e tudo o mais podem ser esquecidos por uns instantes. E eu aqui, de pijamas, tentando acalmar meu cachorro que está todo aflito com os barulhos dos rojões, e fazendo questão de viver este momento exatamente como vivo todos os demais.

Sei que momentos como este são importantes do ponto de vista psicológico e emocional. Ciclos são importantes e a comemoração destes (para a maioria das pessoas) é algo muito importante. Não acho nada disso errado. Eu mesmo devia estar na igreja - íamos passar o ano novo lá em uma reunião de oração e comunhão com outros membros e que deve ter sido maravilhosa, mas não fomos por receio das ruas, repletas de pessoas bêbadas guiando carros e porque não bandidos a espreita de pessoas desavisadas indo e vindo de comemorações, totalmente distraídas. Ficamos em casa, como sempre temos ficado há anos. Esperamos os fogos passarem, e então vamos dormir. Este anos fizemos um brinde com Calpis.

Eu sei que sou recluso, e esse tipo de comportamento se repete nas demais festividades coletivas, ou mesmo nas particulares que são comuns a todos (aniversários por exemplo). Eu ão tenho a necessidade de comemorar estas coisas com a mesma importância e intensidade que o coletivo parece precisar - ou desejar. Não vejo motivos para comemorar entusiasticamente uma passagem de ano além de fazer uma simples reflexão do que passou no ano, aprender com os erros e acertos, ser grato a Deus por tudo e no máximo pensar em algumas coisas que gostaria de fazer no ano seguinte, pedindo a orientação de Deus sobre isso e sua benção de acordo com sua vontade.

Na verdade já estou acostumado a ser "estranho" neste sentido - e muitas vezes me sentir estranho por mim mesmo, sem um julgamento ou sensação de julgamento de uma outra pessoa. Ou seja, eu mesmo me acho estranho por não ser como os demais.

Por exemplo: a própria comemoração do Natal já me incomoda há bastante tempo e eu não compartilho do senso comum quanto a como ela deve ser experimentada. O mesmo diz respeito a maioria do modo operante em quase todas as coisas. Eu tenho opiniões próprias quanto a muitas coisas, mas que vão contra o senso comum.

Isso me causava, na infância e adolescência, uma sensação de deslocamento imenso. Isso evoluiu para revolta por muitos anos, e creio que meus familiares se lembram dessa época com medo pois eu era bem revoltado. Depois isso evoluiu para indiferença, e hoje, para o que acho ser o início de uma compreensão mais equilibrada: sou um ser humano como outro qualquer, mas que está fadado a viver com o constrangimento de ser sempre visto como diferente porque de fato eu sou.

Assim, consigo imaginar um pouco como um alienígena se sentiria disfarçado entre nós.