Nos últimos meses tenho passado por momentos singulares em minha vida. Uma grande quantidade de mudanças ocorreram em minha vida e sei que não estou digerindo cada uma delas muito bem. É mais ou menos como se eu tivesse comido algo muito gostoso porém indigesto, que me provoca azia, mal-estar e dores de fígado.
Na verdade eu estou com estresse. E na verdade, não quero fazer nada a respeito porque, em ultima instância, só umas boas férias me ajudariam agora. Qualquer outra coisa além de férias só servirá para me deixar mais estressado ainda.
Tem dias que eu me arrasto tamanha a falta de energia. Eles tem sido a maioria. Nem mesmo na academia tenho conseguido ir, e hoje não será diferente. Quero ir para casa e ficar sem fazer nada realmente sério. Ando enfadado disso e ser sério tem me deixado em um estado de agonia.
Meu cérebro anda cansado, mas ao mesmo tempo não me deixa parar. Sou viciado em coisas que me esgotam. Sou viciado em pensar e em entender. Sou viciado em ordenar, vislumbrar e catalogar. Sou viciado em me exaurir de energias, em me desgastar e em nunca ficar parado. Sou viciado em me saciar.
Não é a primeira vez que me vejo literalmente em um ciclo vicioso do qual aparentemente não posso escapar. Como... um escravo de minhas paixões. Para onde foi aquele crente determinado? Para onde foi a minha fé?
Ontem mesmo estive refletindo sobre isso (em voz alta para o espanto de minha esposa). Tive uma visão própria um tanto quanto estranha. Me vejo como uma espada quebrada. Como algo feito para um propósito, mas que por uma grande imperícia, está danificada e desta forma não serve para nada. Assim como a espada de Isildur, uma coisa para a qual muitos olham com desprezo por ter falhado, mas alguns olham com respeito por seus feitos.
Ela, porém, pode ser forjada novamente por aqueles que a criaram inicialmente, para que pudesse enfim cumprir sua missão original, com honra e perfeição.
Já ouvi uma parábola que dizia que somos como espadas forjadas por Deus. Sofremos altas temperaturas, marteladas e choques térmicos para sermos uma espada, que em nossa vida significa as dificuldades, lutas, dúvidas e dores que nos tornam crentes experimentados no Senhor . No processo algumas espadas podem se quebrar, e destas Deus se desfaz, pois afinal, para o que serve uma espada quebrada?
Mas uma espada que um dia já foi espada, que já experimentou o sangue do inimigo e que agora se encontra quebrada será necessariamente rejeitada? Uma espada que já cortou e lutou pode ser deixada de lado, como se aquilo que fez de nada valesse?
Uma espada, uma vez quebrada, pode ser reaproveitada mesmo que não possa ser reforjada. Os samurais costumavam pedir a ferreiros que reaproveitassem suas espadas quebradas fazendo delas adagas ou espadas menores, trabalhando a lâmina até a parte em que ela originalmente se quebrara. Costumava desta forma carregar de 2 a 3 espadas então: uma grande, uma média e uma destas pequenas, sendo esta a usada nos rituais de sepukku.
Seu alcance e envergadura obviamente não eram mais os de uma espada, mas uma vez reaproveitada ela ainda podia cortar, perfurar e matar. Menor e mais ágil, podia ser muito mais perigosa do que uma espada propriamente dita, podendo ser oculta com facilidade e mostrada apenas no momento oportuno da vitória. Cumpria assim aquilo para o que havia sido feita originalmente, mas de uma maneira diferente.
Prefiro pensar desta maneira. Serei reaproveitado pelo Senhor? Espero do fundo do meu coração que sim.
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