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14 de novembro de 2007

O Reino Mágico do Sul

Capítulo 1:
LIVRE ÉS

Era uma vez um país muito bonito chamado Brasil. Já fazia pelo menos III séculos que ele vivia aquilo que muita gente considera como sendo a forma de organização social ideal: a democracia capitalista.


É verdade que neste meio tempo algumas pessoas acabaram instalando uma situação diferente da democracia, mas em algumas décadas eles foram suplantados pelos heróis da liberdade, que carregados nos braços do povo, restauraram a estes a “liberdade”. Muita gente morreu. Muita gente desapareceu. Muita gente sofreu e sofre por estas coisas até hoje. Mas só até hoje.


Até ontem o Brasil era assim, um país de mequetrefes. Os heróis da liberdade tornaram-se tiranos disfarçados de democratas. Lobos em pele de cordeiro é o que eram. Assim o país foi mergulhado em uma confusa zona cinza aonde o mal não era tão mal assim, e o bem, não tão bem quanto devia ser. Havia promiscuidade em todos os níveis da sociedade e em todas as formas imagináveis.


O povo foi manipulado, transformado em verdadeiros zumbis culturais, passando a crer que era normal afinal de contas tudo aquilo, desde que levasse vantagem e se desse bem de alguma forma. O mundo se resumia a um fantasma, e um prazer breve, sujo e individual justificava o sofrimento longo, altivo e coletivo.


Isso não começou depois da aparição daqueles velhos heróis. Não começou com aqueles que tentaram acabar com a outrora virtuosa democracia. Isso nem mesmo começou com a dita independência. Isso começou muito antes que qualquer ser humano tivesse colocado os pés sob a terra que atualmente se chama Brasil. Algo que ocorrera a milhares de anos atrás, quando algo assustador se arrastava sob a face da Terra e ali deixou algo.


Vamos chamar este algo de “caveira de burro” por enquanto. No final, você entenderá que este termo se encaixa, ao mesmo tempo que não.


Devido a isso, e a todo o curso de eventos que ocorreram naquele belo país, seu povo se assemelhava a um ex-algo. Um projeto falho, uma tentativa frustrada ou a uma grande decepção. Para si mesmos e para todos os que não fossem aquele ex-algo. Durante séculos eles foram maltratados, sugados, enganados, traídos, escravizados, discriminados, explorados, torturados e famigerados. Sua alma foi massacrada e nada mais eram além da sombra do que deviam ser.


Mas tão certo quanto o dia surge após a noite, tudo no Universo tem um começo e com certeza, um fim. Nem tudo, é verdade. Mas tudo, menos Alguem, tem um começo e um fim. Livre sabia disso. E por isso correu para os atos que sucederam-se. Atos que poriam fim a aquilo, e que mudariam a realidade de uma maneira tão visceral que ninguém nunca poderia supor como possível. E tudo começou naquele dia...


Era mais um dia qualquer em uma cidade no meio de Goiás, a 100km do Distrito Federal. Um homem do campo acordara de madrugada como sempre para ir para a horta. Assustou-se tremendamente quando abriu a porta de casa e viu ali algo que em primeira instância julgou ser sobrenatural. Sua alma tremeu e seu coração entrou em um desespero tão grandes que ele chegou a pensar que morreria. Mas não morreu. Nunca morrem...


O que ele via ali, no meio da horta naquela madrugada fria e úmida, brilhava como um diamante iluminado de encontro à luz do sol. Aquele brilho era quente de uma maneira aconchegante. E logo começou a diminuir. O homem pode ver então que a fonte daquilo era um homem. Um homem muito estranho a principio, mas que, depois do brilho desaparecer por completo, pareceu bem comum.


O homem do campo se aproximou, e viu um homem de idade mediana, com cabelos cortados de maneira média, negros como carvão. Sua pele era pálida de uma maneira saudável, como se apenas não tomasse Sol há muito tempo. Ele se levantou e o homem do campo se assustou.

“Não precisa ter medo, amigo. Sei que deve estar estranhando, mas posso lhe garantir que não vou te fazer mal algum. Eu me chamo Livre”.

continua...

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