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23 de novembro de 2007

O Reino Mágico do Sul

Capítulo 4:
FOGUEIRA DAS VAIDADES

Foi como se o ar tivesse parado de propagar o som por alguns segundos. Um silêncio sobrenatural tomou conta do lugar, e todos sentiram um calafrio indescritível. Todos os olhos e câmeras no local se voltaram para a pilha de destroços incandescentes do Palácio do Planalto. Vislumbraram o fogo, que era avermelhado e discreto, ganhar cores verdes e grandes labaredas, como se a tivessem reabastecido com um combustível de alta octanagem.


Do meio das chamas, Livre apareceu brilhando tanto quanto uma estrela. Mais uma vez seu brilho foi se apagando, conforme saia das chamas verdes. Os militares caíram sentados, derrotados ao ver que nada do que fizeram surtiu efeito. Os políticos sentiram suas almas gelarem. As câmeras e microfones das equipes de reportagem se direcionavam famintas para Livre, que pousou no solo com suavidade. Ele começou a falar.


“Olá”, disse ele, com um sorriso paternal nos lábios. “Sei que todos devem estar confusos e assustados, mas quero deixar bem claro que toda esta destruição não foi provocada por mim, mas sim por eles” disse Livre, indicando o presidente e os demais políticos que o cercavam. “Eu apenas vim para quebrar um ciclo vicioso. Porém este evento teve o seu propósito. Como símbolo de uma era decadente, o prédio que outrora aqui existia foi destruído por aqueles que nele viviam. Tomei providências para que o fogo aqui existente não se extingua até o final dos dias. Será um memorial ao povo. Um memorial de seus erros. Uma fogueira das vaidades, aonde todos que a contemplarem terão a oportunidade de queimar seu egoísmo, perversidade e corrupção.”.


Livre virou-se e com um gesto, fez com que as chamas ganhassem cores brancas. Se alguém se aproximasse dela, notaria que as chamas não ardiam nem queimavam fisicamente. Mas causavam queimaduras nas emoções mais viz do coração. As chamas eram brancas porque eram chamas purificadoras. Livre virou-se novamente para os jornalistas e para o povo que agora estavam mais próximos ainda.


“Como símbolo da falência desta era, resta-lhes esta fogueira das vaidades... e como símbolo dos novos tempos, dou-lhes um substituto que representará a força e a transparência que irão reger este país daqui por diante. A sede do novo governo deste país.”.


Fez mais um gesto, e logo atrás da fogueira das vaidades fez surgir algo cuja beleza era de uma simplicidade e força singulares no planeta inteiro. Uma construção enorme, cerca de 20 vezes maior do que o antigo palácio do planalto, surgiu do nada. Totalmente feito de cristal, mais resistente do que diamante, com muitas partes totalmente translúcidas e um teto de cristal fosco, para proteger do Sol quem dentro dele estivesse, mas que ao mesmo tempo permitia uma iluminação interna natural. Não era um palácio, mas sim um templo, com enormes colunas e um pé direito de 15 metros em cada andar, com um total de 5 andares.


Todos olhavam para aquilo com assombro. Era a obra de arquitetura, se é que uma construção mágica podia ser chamada assim, mais bela já sonhada por uma mente humana. Livre voltou a falar aos repórteres.


“Declaro extintos os 3 poderes civis, as forças armadas, a república, a democracia e o país chamado Brasil por um período de 500 anos. De hoje até lá esta terra será conhecida como Reino Mágico do Sul e eu, Livre, seu regente. Como primeiro ato, fecho as fronteiras terrestres, marítimas e aéreas do país com uma barreira arcana”. Ele fez um gesto estranho com suas mãos e um circulo arcano surgiu no chão sob ele. Imediatamente uma barreira translúcida e azulada se estendeu por todas as fronteiras citadas.

continua...

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