Pesquisar

10 de março de 2020

INCOESÃO - VERDADES PARALELAS

 
Nada mais faz sentido? Ou nunca houve sentido e as pessoas eram apenas mentirosas e buscavam por adequação mais do que se busca hoje?

Pós-verdade é um neologismo que descreve a situação na qual, na hora de criar e modelar a opinião pública, os fatos objetivos têm menos influência que os apelos às emoções e às crenças pessoais. Na cultura política, se denomina política da pós-verdade (ou política pós-factual) aquela na qual o debate se enquadra em apelos emocionais, desconectando-se dos detalhes da política pública, e pela reiterada afirmação de pontos de discussão nos quais as réplicas fáticas — os fatos — são ignoradas. A pós-verdade difere da tradicional disputa e falsificação da verdade, dando-lhe uma "importância secundária". Resume-se como a ideia em que “algo que aparente ser verdade é mais importante que a própria verdade”. Para alguns autores, a pós-verdade é simplesmente mentira, fraude ou falsidade encobertas com o termo politicamente correto de "pós-verdade", que ocultaria a tradicional propaganda política.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Pós-verdade


Eu nunca fui muito de me enturmar e sofro demais nos tempos atuais com essa inaptidão social, com essa incapacidade de me relacionar com o outro e sofrer com a solidão, em especial porque há anos está literalmente impossível conversar sobre qualquer coisa com qualquer um sem entrar em conflito de opinião que descamba para um debate desnecessário sobre absolutamente qualquer coisa. Todos querem estar com a razão, e a razão se tornou objeto de disputa (cujo ringue não raramente são redes sociais) cujo mérito é totalmente relativo. As pontes que nos ligavam foram dinamitadas e em seu lugar construiram muros e fossos com crocodilos, e acima das muralhas há caldeirões de óleo fervendo e arqueiros prontos a atacar qualquer um que ameace aquela fortificação. Nós ainda temos muito mais coisas em comum (que poderiam nos unir) do que coisas que nos separam, mas todos mudaram seu foco para as poucas que nos separam, e assim nos enfraquecemos e nos tornamos mais miseráveis e facilmente manipulados por nossas próprias emoções.

Vivemos um período de incoesão. Antes haviam consensos baseados em debates e estudos conduzidos por especialistas e instituições respeitadíssimas, porém a quebra de confiança nestes (alimentadas por teorias da conspiração e não raramente em fatos reais que demonstram reais manipulações de cunho político e econômico, minando a confiabilidade nas opiniões e estudos destes) causou uma ruptura e o surgimento de um vácuo ocupado pela pós-verdade, onde a ausência de confiabilidade quanto a origem e corretude de qualquer informação criam um ambiente onde abstrair-se da lógica baseada em fatos não confiáveis em detrimento da emoção baseada em crenças pessoais e achismos foi o caminho mais orgânico para que as pessoas mantivesse sua própria sanidade mais ou menos intacta (bem mais ou menos na verdade). Em meio a tantas "verdades" impossíveis de verificação, ficamos com a mais fácil e confortável a nós; com aquela que melhor se adequa à nossa necessidade naquele exato momento, indo totalmente contra o que Paulo disse em Romanos 12:2

Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.

O problema, como disse, é que falta coesão (ou melhor, meios de se estabelecer uma coesão) entre as pessoas, e isso gera conflitos sem fim, gera incapacidade de mobilização pela incapacidade das pessoas em concordar sobre coisas antes tidas como básicas e certas e isso gerar espaço para outras coisas (como amizade, amor e até mesmo debates sobre temas mais elevados). Até no meio cristão! O mesmo Cristo é visto de formas totalmente diferentes. Existe uma versão de Cristo para cada cristão, por mais abominável que isso seja (estou constatando a realidade, e não afirmando que isso é certo). As pessoas adequam Cristo a elas, indo de encontro ao objetivo do cristianismo que é nos nos adequarmos à Cristo.

Isso cansa e desestimula. Se vejo uma pessoa comentar uma bobagem como "Cristo era comunista" ou "Cristo defendia bandidos" e digo que isso é um absurdo, obviamente sou hostilizado e estimulado a gastar horas pesquisando e estudando para criar um texto enorme que embase o que estou dizendo, para ainda assim a pessoa ignorar (porque ela não me julga fidedigno afinal de contas) ou fazer ela própria a mesma coisa para embasar a opinião dela, levando a nós dois a lugar algum a não ser ao ressentimento mútuo.

O mundo vive uma situação calamitosa de incertezas e divisões aparentemente insolúveis, como nunca antes em toda a breve história da humanidade neste planeta. Tamanhas que me soterram. Me sinto afogado, perdendo minha alma em detrimento a tanta confusão e dor decorrente dela, buscando analgésicos muitas vezes desvirtuantes que mais me afastam do que me aproximam de Jesus e seu amor e graça, me fazendo afundar cada vez mais na minha miséria, solidão e isolamento.

Eu não tenho dúvidas de que essa situação é parte do plano de Satanás e que é parte da estrada da perdição a qual o mundo está fadado a trilhar até o retorno de Jesus e os eventos narrados em Apocalipse.

Mas ei... é apenas a minha opinião.

0 comentários: