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2 de abril de 2008

ANALFABETISMO E A PROGRESSÃO CONTINUADA

Rede estadual terá reforço de alfabetização para alunos da 5ª série

Por Maria Rehder - Agência Estado

São Paulo, 01 (AE) - A rede estadual de ensino de São Paulo terá, a partir deste mês, classes especiais de alfabetização para os alunos da 5ª série que não estiverem alfabetizados. A última edição do Saresp, avaliação feita pelo Estado, mostrou que apenas 35% dos alunos terminaram a 4ª série com nível considerado adequado em língua portuguesa. Essa é uma das novas políticas para a recuperação da aprendizagem criadas pela secretária estadual da Educação, Maria Helena Guimarães de Castro.


Como funcionarão as classes de alfabetização para 5ª série?


Alunos que não estiverem plenamente alfabetizados, além de poderem participar de um reforço paralelo, terão classe de aceleração de alfabetização. A idéia é que eles freqüentem as suas turmas regulares e tenham uma aceleração paralela. Cada escola vai organizar o jeito que for preciso para oferecer essas turmas, a escola vai ter de achar um espaço físico e adequar o horário. Os arranjos têm flexibilidade, depende da escola se o aluno vai estender uma hora após às aulas ou se vai para casa e volta à tarde. Cabe a escola ver a melhor solução com as famílias.


São os professores da própria turma que vão dar aulas?


Serão professores especialmente capacitados para essa alfabetização. Nós tomamos a decisão de criar essas turmas há 15 dias porque foi uma dificuldade que os professores relataram. Muitos alunos de 5ª série não conseguiram acompanhar a recuperação intensiva (dada nos primeiros 45 dias de aula) porque não estavam alfabetizados.


E o que muda a partir de hoje na rede estadual de ensino?


Hoje termina uma primeira etapa de recuperação intensiva. Nas três primeiras semanas demos uma recuperação integrada ao currículo da série em que aluno está matriculado. A ênfase foi em leitura e escrita e conceitos matemáticos. E hoje as escolas já começam a utilizar os guias curriculares que seguem a mesma orientação da proposta da recuperação intensiva inicial, organizados por disciplina. Cada série tem um guia bimestral que é do professor, também há um caderno do gestor para 5ª a 8ª série e outro para ensino médio. E há um documento geral das propostas curriculares para os professores. São vários materiais que dão um direcionamento do que os alunos têm de aprender em cada série, mas que permitem a autonomia do projeto pedagógico.


E ainda este mês todos os alunos farão avaliação?


No dia 15 de abril aplicaremos uma prova única para cada série para fazer um diagnóstico do desempenho. A partir daí os professores vão poder definir os alunos que participarão do reforço paralelo.

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O que me deixa totalmente revoltado é que esta secretária, assim como o Governo do Estado de São Paulo, ao ver uma situação destas, com 65% dos alunos na 5ª série analfabetos ou semi-analfabetos, não tem vergonha na cara de fazer a mais básica das perguntas: por que? Por que tem tanto aluno assim?


A resposta é: progressão continuada. O Governo continua insistindo nessa abominação que praticamente garante ao aluno que ele vai passar de ano, tirando notas ou não, sendo um bom aluno ou não. Basta ter presença. E muitos pais forçam os filhos a ir para a escola, mas não necessariamente os estimula a estudar. Afinal, seu Bolsa Família cobra apenas a matrícula e presença da criança na escola. Porque não exige desempenho? Porque não exige uma nota mínima? Porque imaginam que uma criança pobre não tem capacidade de estudar a sério e tirar boas notas? Não que devesse cobrar uma nota altíssima, mas sim um patamar mínimo como, por exemplo, passar de ano, que é o que toda criança deveria encarar não como “um algo a mais” mas sim como o que meus pais mesmo sempre me ensinaram: obrigação mínima. Pelo menos os pais passariam a se preocupar com o desempenho de seus filhos, vendo com eles se estão tendo dificuldades de alguma matéria, se estão fazendo a lição, os trabalhos, prestando atenção na aula, etc.


Voltando à progressão continuada... ela tem causado estragos enormes na população. Os alunos de hoje, adultos em idade produtiva amanhã, terão mais aptidão ao crime, à ilegalidade ou aos sub-empregos do que, por exemplo, aptidão a ingressar em uma faculdade e a desempenhar uma atividade mais bem remunerada.

Os alunos já estão cansados de saber que não precisam estudar, porque vão passar de ano de qualquer jeito. E sabendo disso, a maioria não estuda mesmo. Que ingenuidade a do Governo, não? “Vamos confiar às próprias crianças o estímulo por sua vida acadêmica!”. Faça-me o favor! Tirando alguns casos excepcionais que não representam nem 1% dos alunos hoje nas escolas públicas, se deixar por conta os alunos ficam em casa jogando vídeo-game, papeando no MSN ou no celular, indo a festinhas, clubes, dando “um rolê” com a galera, namorando "na mão-boba", jogando futebol, etc. Qualquer coisa menos estudar.


Não fossem meus pais pegando no meu pé e a escola pública da minha época ser maravilhosa em comparação com a atual (puxa, se eu não tirasse nota em uma matéria que fosse eu reprovava de ano, mesmo indo todo santo dia do ano letivo), eu creio que não teria nem terminado o ensino médio. Sou grato a eles por isso hoje, porque na época eu não tinha a capacidade de entender o quão importante e necessário é o estudo. Como disse, fora alguns casos extremamente raros, as crianças e os jovens não tem nenhuma noção do quão importante os estudos são nesta fase de suas vidas.


Não é uma questão de inteligência e nem de caráter. É uma questão de maturidade. Nenhuma criança e nenhum jovem é maduro, afinal, se o fossem, não seriam crianças e jovens! Por isso que eles precisam de cuidados de seus pais e do Estado, para que consigam passar por esta fase sem se meter em grandes problemas e com um mínimo de preparo formal, até que sejam maduros o bastante para tomarem conta deles mesmos. O Estado tem que impor regras que levem em conta não apenas a presença, mas também o desempenho do aluno: suas notas, empenho e comportamento.


O mundo exige desempenho das pessoas, seja no ambiente profissional, aonde o empregador espera um certo nível de comprometimento, empenho e capacitação, seja no ambiente pessoal, aonde nossos parentes, amigos, cônjuges e filhos esperam um comportamento no mínimo educado e amoroso de nossa parte. Até Deus exige nosso empenho e desempenho em procurar Sua vontade e buscar nossa santidade! Deve-se exigir então estas coisas, em escala e intensidade compatíveis, à crianças e jovens estudantes. Como diz o ditado “é de pequeno que se torce o pepino”.


Sinceramente eu espero que alguma alma inteligente e sábia, com poder para mudar a situação, acabe com a progressão continuada, que insisto em dizer a quem quer saber, na minha opinião está criando uma grande bomba-relógio social, que vai estourar nos próximos 5 ou 10 anos, quando estes alunos atingirem a idade adulta e tiverem que arrumar um emprego. Não haverá recursos para pagar Bolsa família a tanta gente. E eu já estou cansado de pagar impostos para alimentar corruptos e as famílias pobres que eles criaram e criam.


Criem vergonha na cara e acabem com a progressão continuada! Ela só faz mal, em todos os aspectos, e só serve para aumentar os índices de aprovação e diminuir os índices de evasão escolar. Tais índices eram metas que o FMI havia imposto ao país, mas hoje isso não ocorre mais! Pensem no futuro destas crianças e jovens, quando vocês estiverem idosos e dependerem deles para viver, direta ou indiretamente.


Dizer que a progressão continuada é instrumento de democratização do ensino é uma besteira sem tamanho! Então não exigir notas e nada mais dos alunos lhes dá acesso à escola? Claro que não! Da acesso a um clube, nada mais! Democratizar o ensino é construir mais escolas em localizações estratégicas. Melhorar o transporte público e o policiamento para que os alunos passam ir e voltar com tranqüilidade. Melhorar a distribuição de renda. Incrementar a geração de emprego para que as famílias não desmoronem em condições miseráveis e tirem a concentração e estímulo dos alunos, não os deixando passar fome e nem necessidades básicas como ter o que comer, o que beber, aonde dormir, o que vestir e calçar, aonde se tratar quando fica doente e remédios para se curar quando necessário. É equipar melhor as escolas, melhorar a formação dos professores, melhorar os salários do magistério, modernizar a administração das escolas... aumentar o número de vagas sem piorar a qualidade!


Neste aspecto, a progressão continuada se torna, me desculpem a franqueza, o caminho mais curto, mais imediatista, mais danoso e mais burro de todos para solucionar a "democratização" do ensino. Se para dar acesso a algo é preciso piorar a qualidade do "algo" substancialmente, eu acho de uma canalhice sem tamanho. Se antes tínhamos poucos alunos nas escolas com uma formação mediana e muita gente sem nenhuma formação, a democratização, do jeito que é feita com a progressão continuada, permite a todos o acesso à educação, mas com uma formação péssima. Bela democratização do ensino com a progressão continuada: "vamos nivelar a formação de todo o povo... mas por baixo!"


O que me deixa preocupado é: se estes alunos nem sabem ler nem escrever direito, assim como não tem conhecimento de matemática básica, como estarão no resto? Psicológica, cognitiva e emocionalmente eles estão dentro do esperado? Sinceramente tenho minhas dúvidas...

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