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18 de março de 2013

A GATINHA NO MOTOR DO CARRO


Eu e minha esposa vamos viajar em breve, então após sairmos da igreja ontem pela manhã fomos almoçar, voltamos para casa, pegamos o Xaveco e fomos com ele até um hotel canino que nos indicaram, que fica a uns 30 minutos de casa.


Tanto na ida quanto na volta a gente ouvia, vindo de algum lugar indefinido, o miado de um gato. Pensamos que era da rua. Ainda brinquei com minha esposa e falei "deve ter um gato no motor", mas totalmente na brincadeira. O miado parou e fomos até o lugar.


Na volta, o miado ocorreu mais forte ainda. "Pare o carro" eu disse. Minha esposa parou no meio da rua, abrimo o capô e lá estava ela, essa linda gatinha siamesa da foro, apavorada. Ela ficou no motor do nosso carro por pelo menos umas 2 horas!



Ela estava, milagrosamente, ilesa!

Trouxemos ela para casa, mas ela estava apavorada, ainda mais  com a presença do Xaveco, que trancamos no quarto. Demos leite morno para ela beber, e alguma coisa para comer. Ela se enfiou na estante de livros e ficou ali, escondida no meio dos volumes. 

Como moramos em apartamento com um cachorro louco como o Xaveco, e ainda por cima minha esposa é alérgica a gatos, não podíamos ficar com ela. Uma amiga da minha esposa, que tem e ama gatos, se prontificou a ficar com ela até acharmos um lar adotivo definitivo, o que ocorreu em menos de 24 horas. Ela já deve estar em sua nova casa neste exato momento, enrolada com os novos guardiões, brincando e se recuperando do susto que infelizmente eu participei involuntariamente.

Isso me trouxe um monte de lembranças e emoções a tona. Quando criança, tivemos em casa um gato siamês que eu adorava de paixão. Dormia com ele na minha cama, e foi com ele que me tornei um servo fã de gatos. O nome dele era Maradona e é esse ai na foto ao lado.

O Maradona foi encontrado morto pelo meu irmão mais velho na porta de nossa casa, atropelado. Ele gostava de dar umas escapadas, e na noite anterior estava louco para dar uma volta noturna. Foi sua última.

Não costumo falar muito disso, mas pelo que me lembro, a morte dele foi um dos meus grandes traumas de infância. Lembro claramente que prometi a mim mesmo nunca mais estabelecer vínculos daquela forma (não com essas palavras) porque a dor foi terrível, quase insuportável, e eu não queria sentir aquilo de novo nunca mais. É muito triste para uma criança perder seu amigo querido assim tão abruptamente, sem ter uma maturidade emocional de suporte.

Rever esta gatinha me fez sentir isso tudo de novo. Mesmo sabendo que era impossível, eu adoraria ter ficado com ela. De certa forma vivenciei a perda mais uma vez no nível emocional, porque tive comigo essa gatinha para logo em seguida perdê-la de novo. Perdê-la pelos motivos certos dessa vez, para que ela tivesse uma família que a amasse e cuidasse adequadamente dela. Mas mesmo assim, uma perda.

Acho que vou ficar alguns dias meio deprimido.

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