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1 de abril de 2013

IRRITAÇÃO, MEDO E ZONA DE CONFORTO

Este final de semana eu fiquei tão irritado que fiquei até cansado. Tenho certeza de que as pessoas que tiveram contato comigo (minha esposa principalmente) ficaram de saco cheio de mim. E hoje, segunda pela manhã, a irritação continua muito forte. Eu sei o que a motiva e o que ela significa. Só não sei o que fazer com ela. Acho que escrever e desabafar sobre ela podem me ajudar.

No próximo sábado começa meu curso de pós-graduação, um MBA de Gestão de Segurança de Informação. Durante o período de um ano a partir de agora meus sábados estarão totalmente dedicados a esse curso. De manhã cedo até o final da tarde. Isso significa que o único dia da semana que eu via como "meu" não é mais "meu". O único dia que eu tinha pra dormir até tarde, ficar de bobeira em casa sem fazer nada ou (raramente) arrumar algo para fazer não me pertence mais até abril de 2014.

Veja que esse "não me pertence mais" é uma ilusão. Me pertence sim. É claro que eu estou fazendo esse curso por vontade própria, mesmo que eu acredite ter sido levado a esta decisão mediante uma pressão nebulosa e incerta do mercado de trabalho e da sociedade que espera que alguém na minha idade e cargo tenha um MBA ou algo do tipo - isso pode ser apenas uma paranoia também, reconheço.

A decisão final foi minha de uma forma ou de outra. Mas emocionalmente eu não queria fazer nada aos sábados.

Emocionalmente eu só queria dormir até tarde aos sábados, acordar tendo o dia inteiro livre diante de mim. Emocionalmente eu só queria ficar "de boa". E agora eu tenho que acordar cedo, e estudar, e me preocupar com notas e avaliações, e conhecer e me enturmar com novas pessoas (o que é especialmente complicado para mim), e me sair bem porque minha empresa está pagando uma bolsa parcial para mim e devo corresponder ao investimento. Tudo porque eu quis, porque eu fui atrás, porque eu escolhi. Então porque fico irritado?

Estou irritado porque estou saindo da minha zona de conforto, e mesmo que a decisão tenha sido minha, acho que não foi e me sinto preso a uma situação de forma obrigada.

Fico pensando no quão cansativo será, mas também fico me aterrorizando com pensamentos de que não vou dar conta dos estudos, de que vou reprovar e ter que pagar o curso do meu bolso, de que não vou entender as coisas, e fico me questionando se o curso que escolhi é mesmo adequado para mim - mesmo que o orientador do curso tenha me dito em minha entrevista que, diante dos objetivos que expus, o curso seria bem interessante e aderente a meus objetivos e perfil profissional e acadêmico.

Temores, muitos temores.

De fato me sinto como Bilbo no começo da história do Hobbit. Confortável em Bolsão, no Condado, reluto em sair em uma aventura e abandonar minha toca, meu cachimbo, minha comida e minha paz - coisa que prezo acima de quase tudo.

Imagino que minha pós será como a jornada de Bilbo de alguma forma, onde me verei irritado e assustado inicialmente, e desajeitado, e achando que aquilo é um erro terrível e que eu não deveria estar ali, sentindo saudades de minha toca e minha zona de conforto. Mas uma hora as coisas acabarão se encaixando e a experiência se torná agradável e memorável.

Muita coisa nessa vida, não apenas para mim mas sim para a maioria das pessoas, eu acho que são feitas dessa forma: nos forçamos a agir porque caso contrário, ficaríamos estagnados. Apesar do meu ser emocional me dizer e lutar para que eu ficar parado e estagnado, o fato de ter tido forças para me obrigar a fazer algo que eu sei que é certo já me dá algum alento, mesmo com a irritação colateral.

Eu sei que esse curso é bom, sei que é importante para minha carreira e sei que é certo, independente da minha resposta emocional. Sou grato a Deus por entender isso, e por saber que Ele estará comigo em todos os momentos, nesse curso inclusive.

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