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9 de janeiro de 2004

KUNG FU - ADEUS... OU ATÉ LOGO

Desculpem pelo texto enorme. Mas queria falar tudo o que vou falar agora, não dava pra resumir.

Hoje de fato "caiu a ficha" que vou ter que parar de treinar Kung Fu. Uma paixão que eu tenho e da qual terei que abrir mão não por que quero, mas por que preciso: não tenho dinheiro para continuar a pagar a academia, então estarei parando por no mínimo um ano. Ao atenuantes são: depois que eu terminar a faculdade posso voltar a treinar, e além disso, estarei treinando neste ano, aos sábados, com o JP. Como ele é faixa preta, tem gabarito para me treinar e, ao menos, não esquecerei o que aprendi até hoje. Pelo contrário, aprenderei até mesmo algumas coisas novas, se bobear.

Durante este tempo todo (foram 4 anos exatos, com início em janeiro de 2000, o ano do dragão dourado na cultura chinesa) aprendi muitas coisas. Passei por apertos tremendos, e sofri muito preconceito. Arte marcial não é vista com bons olhos por muitas pessoas, principalmente pelo meio evangélico. Esta visão marginalizada nem sempre é justificável, como pude constatar.


O Kung Fu, ou qualquer outra arte marcial, é como qualquer outra capacitação que o ser humano tem e desenvolve. É como o conhecimento adquirido durante a vida acadêmica de uma pessoa, ou uma habilidade de negociação por exemplo, ou uma habilidade profissional qualquer. Como tal, pode ser usada para o bem ou para o mal. Tudo depende da motivação que esta no coração de cada um. Então você vê alguns praticantes de artes marciais fazendo coisas erradas, se metendo em coisas ligadas ao ocultismo ou mesmo entrando em brigas e arruaças. Mas também vê alguns artistas marciais fazendo coisas boas, tendo na arte marcial em si apenas um esporte, uma atividade física que pode, apenas em casos extremos, servir como defesa pessoal quando sua vida e integridade física estão ameaçadas. Um político ou empresário velho, gordo, sedentário e que não consegue dar um tapa em alguém pode fazer (e geralmente fazem) um mal infinitamente maior do que o melhor e mais selvagem artista marcial. Por que então eles não são mal vistos então?

Muita gente acha que defesa pessoal é contra Deus. Que como crentes que somos, Deus tem o dever de nos proteger do mal deste mundo, diga-se, a violência urbana cotidiana. Estas pessoas então não deveriam ter medo de andar de noite pelas ruas da cidade, nem deveriam colocar grades em suas casas, alarmes no carro ou outras coisas do tipo. No fundo, é tudo a mesma coisa. Não estão tomando medidas para se proteger, afinal? E Davi? E o povo Judeu e suas infindáveis guerras? Mesmo sob a luz de Jesus Cristo, a cultura marcial genuína é errada?

Acredito que Deus nos protege de todo e qualquer mal, mas principalmente do verdadeiro mal, da morte real, da nossa separação Dele! Não estou falando que devemos "dar uma forcinha" para Deus, pois ele é Deus e não precisa de forcinha nenhuma de nós, apenas nossa fé e amor devotado bastam! Mas a verdade é que todos estamos sujeitos às adversidades deste mundo, não importa se somos crentes ou não. Sei o que a Bíblia diz, sei da mensagem de Jesus. Dar a outra face é nobre e belo e deve ser feito em afrontas e em certas situações, mas e quando estamos correndo perigo real de morte? Devemos entregar nossas vidas assim, por exemplo, para um marginal drogado que está nos assaltando e quer nos matar mesmo com nossa total cooperação? E se a vida de pessoas inocentes estiverem em jogo? E se pessoas a quem amamos estiverem ameaçadas?

Na série Deixados para Trás (a qual gosto muito, li todos os livros lançados no Brasil até agora) os personagens da história, crentes no final dos tempos, chegam a matar pessoas do exército do anti-cristo (que não sabiam que ele era o que era) quando estavam em perigo real de morte, e em alguns momentos eles ficam com dúvidas se haviam pecado. Um deles matou uma mulher militar para fugir de seu cárcere, a esmagando com o peso de seu corpo. Buck (um dos personagens), em certo momento, mata um soldado (que fuzilaria ele e sua esposa com uma metralhadora) dando-lhe apenas um forte soco, e diz que gostaria de ter aprendido defesa pessoal ou artes marciais, pois assim, provavelmente, apenas o teria nocauteado, e não o teria matado como o fez por descuido. Você já pensou nisto antes? Que tais habilidades poderiam evitar coisas piores?

Como eu disse, o que importa é a motivação que está no coração de cada pessoa. Fazer-se a pergunta do por que aprender uma arte marcial é importante. Na época, quando comecei a praticá-la, eu não era crente, mas tinha uma motivação relativamente pacífica. Minha motivação na época era a da busca do equilíbrio espiritual entre mente e corpo, pois sabia que se meu corpo estivesse bem minha mente estaria bem também (e isso é verdade em alguns casos, como disse no tópico passado). Buscava a verdade espiritual, mas glórias a Deus que a encontrei em Jesus Cristo.

Mas após minha conversão, e mesmo com os autos e baixos da senóide da minha vida, minha motivação agora é apenas a de praticar um esporte, e ter como me defender e defender quem estiver ao meu lado, isso se for real e extremamente necessário. Não tenho medo da morte (mas temo uma morte dolorosa) pois sei exatamente para onde vou quando deixar este corpo, mas eu não seria louco de reagir a um assalto, não defendo isso a não ser que eu perceba que o assaltante quer me ferir ou me matar de qualquer jeito, ai vale a pena tentar uma reação, pois não teria então nada a perder. Falo se assalto, mas outros tipos de pessoas podem colocar nossas vidas e saúdes em ameaça iminente. Temos que confiar em Deus para que ele nos proteja destas coisas, mas e se acontecer, devemos simplesmente entregar os pontos?

Não estou (e acho que ninguém está) disposto a entregar sua vida por uma coisa fútil. Por Jesus e por Deus estou disposto sim a oferecer a minha vida (se eu tiver que escolher entre a morte e a vida pela negação de Jesus, escolho a morte, ao menos assim espero que Deus me permita escolher, que não me permita fraquejar se tal momento chegar). Mas me dar por vencido diante de uma ameaça à minha vida, isso não.

Termino citando o que aprendi sobre Kung Fu, em parte com meu antigo professor Armando (convertido ao Senhor e não mais no meio de Kung Fu), em parte com o professor Ortega e com outros alunos e instrutores aficionadas pela história desta arte. Quero falar isso por que não vou poder praticá-la por um bom tempo:

O Kung Fu é provavelmente a arte marcial mais antiga da história humana. Teve suas raízes nos templos budistas da Índia a mais de 4000 anos para que os monges pudessem passar horas e dias meditando sem parar. Inspirou-se nos movimentos dos animais, trabalhando alongamento, tonificação muscular e resistência física. Levado aos templos da China, foi aprimorado e desenvolvido de forma metódica, tornando-se no que conhecemos hoje. Foi desenvolvida como estilo de luta para que os monges pudessem guardar os templos (cheios de tesouros) de bandidos e salteadores. Protegiam o povo que vivia perto dos templos. É difícil imaginar, mas na época em que Jesus disseminava seu evangelho em Israel, o Kung Fu já era praticado a mais de 1000 anos na Ásia.

As armas foram incorporadas de forma natural. Uma das primeiras armas da história da humanidade ainda é usada no Kung Fu. Trata-se do bastão. Foi uma das primeiras por que encontra-se diretamente na natureza, em bambuzais, bosques e florestas. Foi usada primeiramente para colher frutas e até mesmo para ajudar na lida com animais (Moisés usava um bastão chamado cajado, não para finalidades marciais mas para ajudá-lo a andar e a pastorear ovelhas). Sua evolução para a lança foi lógica, bastando adicionar uma ponta de pedra lascada ou mais tarde uma ponta de ferro. As demais armas, como facões, facas, espadas e leques foram sendo incorporadas com o passar dos anos. Hoje em dia alguns estilos de Kung Fu usam qualquer coisa como arma de defesa, de pedras a sapatos, de canetas a banquinhos e cadeiras.

O Kung Fu sempre foi visto como uma arte praticada por pessoas educadas e de boa índole na China. Após o fenômeno Bruce Lee e a disseminação da arte pelo ocidente (já que o Kung Fu era mantido como segredo guardado a 7 chaves pelos mestres chineses, que não queriam que os "demônios brancos" tivessem tais conhecimentos pois era uma arma de guerra poderosa na visão deles) a arte chegou ao Brasil pelos anos 70, por meio dos portos. Muitas pessoas de índole não tão boa passaram a praticar Kung Fu no país e a arte passou a ser vista como marginalizada. Karatê tinha livre acesso à mídia, mas o Kung Fu era uma coisa obscura, quase arcana, dita do mal.

O tempo passou e a arte saiu da escuridão, indo para a luz. Pessoas normais passaram a praticá-la quando professores sérios passaram a ensiná-la, e hoje vemos crianças, jovens, adultos e idosos praticando-a sem problemas, usufruindo dos benefícios físicos e psicológicos que ela nos trás.

Em 4 anos de prática não vi nada de sobrenatural, demoníaco ou malévolo nesta arte marcial. O que vi foi pessoas com muita força de vontade e determinação, que superavam seus limites e obstáculos, e conseguiam melhorar sua técnica e condicionamento físico. Kung Fu, em chinês, significa "trabalho árduo", ou seja, treino e determinação. Nosso professor Ortega sempre nos disse que Kung Fu pode e deve ser usado em tudo em nossas vidas, por que Kung Fu não é luta. Kung Fu é determinação e força de vontade, é dedicação a alguma coisa. Que eu e você apliquemos então Kung Fu naquilo que é mais importante: em nosso relacionamento com Jesus Cristo. Que eu me derrame Nele e me dedique totalmente a Ele, seguindo seus preceitos e sua vontade, como diz a palavra de Deus, lutando o bom combate do Senhor.

Sinto uma vontade enorme de dizer algo agora. Não me pergunte por que, só sei que deu vontade de escrever: JESUS, TE AMO MUITO, MAIS DO QUE A TUDO. ME PERDOA SE EU FALHO, E ME AJUDA A SER AQUELE QUE VOCÊ QUER QUE EU SEJA. QUERO SUPERAR TODAS AS DIFICULDADES QUE PINTAM NA MINHA VIDA POR AMOR A TI. QUERO DEMONSTRAR A TODOS E A TI QUE CREIO NA VERDADE DE QUE VOCÊ É MAIOR DO QUE QUALQUER PROBLEMA QUE EU POSSA VIR A ENFRENTAR. TE AMO MESMO...

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