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10 de novembro de 2003

A DANÇA DO DRAGÃO








Como havia dito no post passado, fui até São Paulo, no sábado 08/11, para o 1º World Kuosho (Kung Fu) Championship Brasil. Ah, eu não assisti Matrix Revolutions como pretendia na sexta a noite, mas acabou que fui dormir na casa do JP mesmo assim, e foi bacana. E não vi minha noiva no final de semana, só na sexta-feira mesmo. Estou morrendo de saudades dela!!!!

O mundial foi o sábado inteiro. Acordamos às 07h00m e saímos correndo para pegar o ônibus que saia da academia (Tat Wong Campinas). Chegamos no Ibirapuera lá pelas 10h30m e já estava tendo a abertura do evento. Pela manhã houveram as apresentações de Tai Chi (muuuuuito empolgantes, com toda aquela velocidade) e alguns katis (formas). O mais empolgante nesta parte foi a apresentação de alguns atletas da delegação norte americana, com um japonesinho "atômico" que fez um kati de Ton Long (estilo Louva-Deus) que arrancou aplausos de todo o ginásio.

Um pouco antes das 12h00s começaram as lutas, e este era sem dúvida a principal evento que todos ali estavam esperando para ver. Bem, não vou entrar em detalhes, a não ser o de que a classificação entre os países foi equilibrada. Houve muita pancadaria (e acredite, as lutas mais "sangrentas" foram travadas entre as mulheres) e cenas cômicas, como um lutador que saiu correndo do outro no meio da luta (o que arrancou gargalhadas de todo o estádio, junto com vaias e gritos).

O legal é que não houve nenhuma confusão em um ginásio cujo público era composto por mais ou menos 80 a 90% de praticantes de artes marciais, mesmo que algumas academias tivessem rixas uma com as outras (só houve um evento meio chato, em que todo mundo ficou gritando "Bin Laden" para um atleta americano que ganhou de forma meio suspeita de um brasileiro).

Foi, realmente uma festa, e as lutas ficaram dentro da área de combate do campeonato. O bom é que todo mundo se uniu para torcer não pela academia X ou pela Y, mas sim pelo Brasil, não importava de que academia o representante era, o importante é que ele era brasileiro e todos nós torcíamos por ele.

O resultado final do campeonato é que o Brasil agora tem mais uns 3 ou 4 campeões mundiais de Kung Fu e quase ninguém vai ficar sabendo disso (afinal Kung Fu não tem destaque na imprensa, infelizmente). Um destes campeões é a Ariana, esposa do Prof. Ortega (também campeão mundial a alguns anos atrás, dono e professor titular da academia a qual freqüento, a Tat Wong Campinas) que ganhou em 3 categorias diferentes (kati de mãos livres, kati de armas médias [facão], e combate/luta).

Só sei que me lembrei do que um cara disse em uma palestra certa vez. De que se a gente não tem um sonho na vida, a gente não devia nem levantar da cama pela manhã. Bem, tenho uma série de sonhos, aliás, acho que muito mais sonhos do que a maioria das pessoas. Eu sonho em ser um escritor, assim como também sonho em me casar, em ser um bom profissional, uma pessoa boa perante Deus e perante meus amigos e em fazer histórias em quadrinhos que façam sucesso. E agora, sonho em ser campeão mundial de Kung Fu, não importa se em combate ou em kati (formas). È legal demais! E o mais legai seria quando eu me sagrasse campeão, ia tirar a camiseta e ia mostrar uma outra camiseta por baixo dela escrito: "O meu mestre é Jesus Cristo". Ia dar o maior impacto, não ia???

No final do campeonato, quando todos nós já estávamos muito chateados pela demora e atraso para ir embora (eu mais, pois assim não pude ver minha noiva) houve uma apresentação muito bonita de um grupo de crianças dançarinas da China, e também houve a apresentação de outras academias. Uma delas fez um "revival" de como foi criado o estilo Ton Long (Louva-Deus) nos templos da China. Fizeram uma demonstração de quebrar um monte de telhas com as mãos, mostraram o juramento do artista marcial à filosofia do Kung Fu Shaolim, etc e tal... ou seja, coisas básicas das quais não compactuo.

Mas o que me chamou a atenção foi a apresentação final mesmo, que a minha academia e a academia matriz de São Paulo (rede Tat Wong), fizeram. Eles organizaram uma Dança do Leão (do folclore tradicional Chinês) com 6 leões e 1 dragão! Normalmente esta dança conta com um leão apenas (que é um boneco com cabeça de leão chinês, e que duas pessoas, uma na frente e outra atrás, fazem uma coreografia com o leão mitológico chinês, que usa muita coisa das bases de perna que aprendemos no Kung Fu). Esta dança foi composta por 6 leões e 1 dragão, como disse. Um dragão chinês (igual ao Cheng Long do Dragon Ball Z) comprido como uma serpente. Na dança toda, os leões faziam uma coreografia com este dragão, que perseguia um globo que girava sobre o próprio eixo, que para mim ficou claro tratar-se da Terra.

Não conheço a mitologia chinesa a fundo para saber qual é o significado disto, mas como eu disse ao JP lá na ocasião, aquilo me lembrou Satanás (que é também chamado de Dragão na Bíblia, no livro de apocalipse) que cairia na Terra no final dos tempos. Isso me lembrou o próprio fato que o desejo de Lucifer é devorar o mundo todo, acabar com ele, e que ele o persegue, como aquele dragão perseguia o globo. Na China, é uma dança folclórica tão comum quanto é no Brasil o Boi-Bumbá, por exemplo.

Como disse, não sei o que esta dança significa na mitologia chinesa. Sei que para eles o dragão não representa o mal. Para os chineses, ele representa a sabedoria, a força, a alegria e o trabalho duro. Mas aquela imagem me lembrou esta narração da Bíblia que relatei acima, mesmo que o intuito da dança não seja esse. Um dia vou descobrir o que esta dança tradicional chinesa representa e eu conto para vocês, ok!? Bem...ai o campeonato acabou e chegamos em Campinas depois das 23h30m, completamente acabados. Acho que eu estava mais cansado do que qualquer um dos atletas que participou do campeonato...

Foi um dia cheio de eventos interessantes, alguns dos quais vou querer comentar no próximo post que eu fizer. Foram coisas chatas que aconteceram comigo, e que na verdade vem acontecendo a algum tempo. Vou pensar melhor em uma forma de lhes falar isso, para não chocar, apesar de ser uma coisa que, se não acontece com todos, acontece com a grande maioria dos homens do sexo masculino.

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