Se você manifesta uma opinião forte, fora do padrão vigente, ácida, incômoda ou sarcástica sobre qualquer assunto que puder imaginar, logo você estará recebendo comentários principalmente de pessoas próximas a você, e vão EXIGIR que você se sinta mal e mude o que pensa.
Mas se você manifesta uma besteira inofensiva, algo incipiente, ordinário ou incólume, ninguém liga.
Você pode estar radiante, pode estar bem, feliz, com tudo em cima, e ninguém parece compartilhar da sua felicidade. Mas se você está mal, reclama e murmura, juntam-se dezenas de abutres sobre sua dor para torná-la ainda pior. Nem um sequer surge para lhe ajudar a se levantar do seu pânico.
Eu só consigo ver o mundo como uma patrulha eterna que me bate na cara quando acham que eu errei e me ignoram quando acertei. Reforço positivo? Esqueça, isso é mera teoria de pedagogos e psicólogos que projetam uma perfeição que nunca existirá. O mundo é miserável e as misérias é que fazem dos seres humanos humanos de fato, sejam elas materiais, morais, psicológicas ou espirituais.
A isso chamo de censura branca. É uma censura que vem não de cima para baixo mas sim dos lados e de baixo para cima e de cima para baixo, te envolvendo por todos os lados. Porque se por um lado você se manifesta, por outros os demais podem se manifestar sobre sua manifestação. Se a manifestação dos outros te machuca e paralisa, o que fazer a não ser deixar de se manifestar? E se a crítica te destrói de tal forma que você não consegue lidar com ela, e amadurecer?
Esta é a filosofia básica que permeou e permeia minha vida até aqui, e se as pessoas que me conhecem entendessem isso, muito provavelmente me entenderiam melhor. Não digo que eu esteja certo, mas a verdade triste é que sou assim e mudar isso requer uma força que parece que eu não tenho. Já melhorei bastante, mas ainda estou muito longe do que julgo ser saudável.
Funciona mais ou menos assim: a cada cutucada, uma retração. Minha mente funciona assim provavelmente desde que nasci. A cada decepção, um muro de concreto com arame farpado espalhado pelo topo é levantado em torno de quem sou, e o núcleo (imaturo e patético, eu confesso, mas ao mesmo tempo sensível como um nervo exposto e carregado de uma auto-crítica imoladora) nunca vê a luz do dia, salvo pelo anjo que o Senhor permitiu fazer parte da minha vida e que sabe se guiar pelo labirinto cheio de ódio que eu me vi obrigado a criar em mim mesmo.
Quem olha para mim não vê o tal núcleo, mas sim o terrível e assustador labirinto que no fim devia estar ali só para proteger meu verdadeiro eu, mas hoje se confunde com quem de fato sou.
É um ciclo vicioso. Me sinto ferido, ergo um muro que nada mais é do que uma imagem irritadiça, a qual é criticada e me leva a erguer um novo muro que nada mais é do que isolacionismo, que é criticado e me leva a erguer outro muro... e assim em diante.
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