Faleceu hoje às 04h00, aos 66 anos de idade, meu sogro, Josué Codo. Uma figura rara, diga-se de passagem.
O velório e sepultamento ocorreram no Cemitério das Saudades em Campinas, em um dia quente de verão, com bastante sol e ar úmido. Diversas pessoas compareceram ao local, dentre pastores, colegas de infância, familiares, membros de igrejas de Campinas e amigos de longa data. Seu hino predileto foi cantado, e nas mãos de seu corpo foram colocadas uma de suas flores preferidas. Um gesto de respeito e reconhecimento a tudo o que ele foi, afinal todos ali já sabiam que ele estava na companhia de Deus, provavelmente contando alguma piada para os amigos que já o estavam esperando por lá. Ele era assim.
Sabe, eu não sou uma pessoa fácil de conviver, infelizmente. Por isso mesmo nunca fui muito próximo do meu sogro, ao menos não tanto quando eu imagino que deveria ter sido já que eu era o único genro que ele poderia ter, uma vez que minha esposa é filha única. Mas eu o respeitava, gostava e admirava ao meu modo, e gosto de pensar que ele entendia isso. Posso não ter sido um genro ideal mas também sei que estava longe de ser um genro ruim.
Eu não o admirava pelo trabalho de contabilidade e economia que ele adorava e que desenvolveu em centenas de empresas, nem pelo exército de amigos que ele possuía, nem pelo gosto musical que permeava todos os momentos de sua vida, nem pelos hobbys na área de som que ele desenvolvia dentro e fora da igreja.
Não que estas não sejam coisas a serem admiradas. Claro que são, mas eu mesmo nunca me importei com isso porque de certa forma, isso está ligado à personalidade individual de cada ser humano. E estas coisas não tinham muito a ver com a minha personalidade.
O que eu realmente admirava nele era sua fé inabalável e constante, que o levavam a ter um comportamento tão digno diante de diversas situações que abalariam muitos outros (eu principalmente). Ele foi uma pessoa que VIVEU o evangelho, um crente a moda antiga, alguém que procurou em qualquer circunstância adorar a Jesus com sua vida e com seus atos, dos mais simples aos mais complexos.
Ele lutou o combate do Senhor, tendo evangelizado até o ultimo dia no leito do hospital.
Lutou contra o câncer de uma maneira tão digna e corajosa que comovia vê-lo debilitado e com dores, quase sem conseguir comer, andar ou mesmo respirar, mas mesmo assim, pensando nos outros e nunca nele mesmo.
Nos momentos mais íntimos é claro que ele teve medo, mas nunca, NUNCA teve dúvidas de que Deus estava no comando, e que como servo, qualquer coisa que lhe ocorrece seria visando seu próprio bem. Como ele disse a um dos pastores que estava no local (e relembrou isso com todos os presentes) ele dizia: Deus sabe o que faz.
Mas que bem você pode imaginar vindo de tanto sofrimento com esta doença tão terrível e por fim com sua morte? Eu vejo tantos... ele deu um testemunho de vida tão forte que levará muitos a fazer uma reflexão profunda de suas vidas, assim como ocorre comigo mesmo. Ele levou, direta ou indiretamente, muitos ao conhecimento de Cristo e de seu evangelho. Ele mostrou que não devemos temer a morte, mas entender que ela faz parte da vida e ao mesmo tempo foi derrotada por Jesus Cristo na ressureição. E por fim, imagino que por sua fidelidade Deus o tenha poupado de coisas piores, já que o mundo tem se mostrado cada vez mais descrente, com uma sociedade cada vez mais corrompida, cruel, malévola e dominada pelo medo, terror, doenças, falta de valores e falta de fé.
Conversando com uma das irmãs dele, disse que eu o admirava por todas estas coisas, e que eu esperava ser pelo menos metade do crente que ele foi. Agora percebo que eu não queria ser parecido com ele, mas sim com Jesus. A irmã dele me disse então que, quando eu tiver a idade dele, provavelmente terei esta firmeza, pois a vida, as dificuldades e as perdas nos ensinam a amar ao Senhor com mais intensidade. É basicamente o que John Piper prega. Eu acredito nisso porque vivo esta mesma experiência. O cristianismo é uma experiência de amor, e ao mesmo tempo de sofrimento:
Na última vez que eu o ví, a última coisa que ele me disse, foi uma piada. De cadeira de rodas, um dia antes de ir para o hospital do qual não saiu com vida, quando eu me despedi para ir embora, ele me disse: "Daniel, arrume mais uma cadeira de rodas e vamos apostar uma corrida na ladeira aqui em frente de casa". Eu disse que ia arrumar uma, e uma garrafa de 51 pra gente beber e perder o medo de cair.
Ele deixará saudades. Mas sabemos que vamos nos reencontrar um dia junto do Senhor.
O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei.
Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos.
Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando.
João 15:12-14
Na última vez que eu o ví, a última coisa que ele me disse, foi uma piada. De cadeira de rodas, um dia antes de ir para o hospital do qual não saiu com vida, quando eu me despedi para ir embora, ele me disse: "Daniel, arrume mais uma cadeira de rodas e vamos apostar uma corrida na ladeira aqui em frente de casa". Eu disse que ia arrumar uma, e uma garrafa de 51 pra gente beber e perder o medo de cair.
Ele deixará saudades. Mas sabemos que vamos nos reencontrar um dia junto do Senhor.
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