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15 de setembro de 2009

SÍNDROME DE BURNOUT

Por Isabelle Lindote
Fonte: Revista Uma/ Edição 104
Fonte:UOL


Lidar com as pressões cotidianas, em qualquer que seja a profissão, muitas vezes pode nos levar ao limite do nosso desgaste. Quando o estresse se reflete em cansaço no fim do dia, mas uma boa noite de sono se encarrega de renovar as energias, é sinal de que você pode precisar de férias, algo completamente normal em determinadas fases do trabalho. O problema é quando a situação de desgaste é tanta, que afeta a memória, a disposição física e impede o indivíduo de seguir com o resto de suas atividades.

Um alerta importante para todos que trabalham demais ou acham que podem administrar várias coisas ao mesmo tempo: Cuidado! Ou você para, ou seu corpo para por você!

A estafa ou o esgotamento profissional é resultado de um processo iniciado com excessivos e prolongados níveis de estresse no trabalho. De acordo com uma estimativa divulgada em 2008 pelo Isma Brasil, que desenvolve trabalhos para controlar o estresse, cerca de 30% dos trabalhadores brasileiros são afetados pelo mal.

“A Síndrome da Estafa Profissional, ou Síndrome de Burnout, descrita em 1974, é uma doença psicológica caracterizada por um sentimento de fracasso, exaustão emocional, redução da realização pessoal e insensibilidade do indivíduo em relação ao seu trabalho e todos aqueles envolvidos no exercício de sua profissão”, explica a psiquiatra do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, Alexandrina Meleiro.

Sabe a máxima que diz que quando não ouvimos nosso corpo, ele para por nós? É exatamente por aí. “A Síndrome da Estafa Crônica pode ser identificada quando os sintomas não desaparecem mesmo após um período de descanso ou afastamento”, afirma a especialista.

Dor de cabeça, insônia e problemas gastrointestinais são alguns dos sintomas físicos que podem aparecer em conjunto com o cansaço excessivo e aparentemente não justificado.



Parando para não parar

Conhecida também como Síndrome do Esgotamento Profissional, a Síndrome de Burnout é resultado de um processo iniciado com excessivos e prolongados níveis de estresse no trabalho.

De acordo com a psicóloga Malu Rossi, do Centro Psicológico de Controle do Estresse, a doença afeta especialmente os profissionais obrigados a manter contato próximo com outras pessoas, como médicos, enfermeiros, bombeiros, policiais, professores e psicólogos.

“Os funcionários de companhias aéreas, devido aos acidentes e transtornos que têm atingido atualmente a Aviação Brasileira, também estão no grupo de alto risco para desenvolver a síndrome”, informa a psicóloga.

Segundo o livro "Burnout: Quando o Trabalho Ameaça o Bem-Estar do Trabalhador", da psicóloga Ana Maria Benevides Pereira, publicado em 2002, boa parte dos sintomas também é comum em casos de estresse convencional.



A necessidade do acompanhamento médico

A diferença é que o profissional com estafa crônica passa a tratar mal os colegas de trabalho, amigos, familiares e até mesmo as pessoas de quem deveria cuidar. Uma das principais causas da síndrome é a baixa realização profissional, com longas jornadas de trabalho, sobrecarga de tarefas e salário abaixo do esperado ou merecido.

O termo Síndrome de Burnout resultou da junção de burn (queima) e out (exterior), ou seja, quando a pessoa está física e emocionalmente abalada, resultando em exaustão e em um comportamento agressivo e irritadiço.

Como o tratamento da síndrome é feito por meio de acompanhamento psiquiátrico e psicoterápico, muitas vezes é necessário o uso de medicamentos, como analgésicos, ansiolíticos ou antidepressivos, por isso é essencial procurar perceber os sintomas e buscar ajuda antes que seja necessário gastar tempo e dinheiro cuidando do problema.

A principal diferença da estafa para a depressão é que na primeira a irritabilidade é muito maior do que a tristeza, que caracteriza o quadro depressivo. Logo, se você está sentindo seus nervos à flor da pele sem nenhuma chance de controle ou melhora a curto prazo, vale a pena rever seus conceitos: será que não há como mudar sua realidade profissional? Ou ao menos buscar formas de tornar sua vida fora do trabalho mais saudável e divertida?

“As vítimas da síndrome podem desenvolver dores musculares, enxaqueca, gastrite, síndrome do intestino irritável, insônia e, até mesmo, doenças graves, como hipertensão, diabetes, alcoolismo, dependências de outras drogas e depressão. Muitos acabam precisando se afastar do emprego. Desses, apenas um terço consegue retornar”, alerta a psiquiatra Alexandrina Meleiro, da USP.

Então, antes que seu corpo trave e seja preciso tomar uma atitude mais drástica, procure desde já colocar mais positividade em seu dia a dia.

Praticar exercícios, ter horários regulares de sono (mesmo que você trabalhe à noite e seja preciso dormir de dia) e buscar mais qualidade de vida, mesmo que isso signifique uma queda nos ganhos mensais, sua saúde agradecerá. Sim, é isso mesmo: o ideal é mudar de vida, senão as consequências podem ser muito mais graves.

Primeiro, é necessário identificar as causas do estresse para aprender as melhores formas de se adaptar. Para tanto, a psicoterapia é um dos métodos mais eficientes.

“Desenvolver uma atividade social ou voluntária, por exemplo, também ajuda o paciente a dar uma nova dimensão para sua vida. Recomenda-se ainda adotar uma alimentação saudável, evitar o cigarro e as bebidas alcoolicas, dormir bem e praticar uma atividade física prazerosa”, afirma Alexandrina.

A doença pode afetar de executivos a donas de casa. Em comum, pessoas propensas à síndrome costumam ser críticas, muito exigentes consigo mesmas e com os demais, e possuem maior dificuldade em lidar com situações. “A pessoa é carreirista, ambiciosa e se excede nas horas de trabalho, imaginando-se insubstituível”, explica a psicóloga.

Só que os hospitais e consultórios médicos estão cheios de pessoas insubstituíveis que são forçadas a parar de trabalhar pelas mais diversas doenças.




As 5 fases da síndrome

1- IDEALIZAÇÃO: acredita que vai mudar tudo, que fará um trabalho impecável. É a fase inicial na qual o indivíduo demonstra enorme empenho.

2- FRUSTRAÇÃO: depara-se com as restrições de pessoas e do local de trabalho, em face das mudanças que imaginava promover.

3- INDIFERENÇA: passa a executar as tarefas mecanicamente e torna-se gradualmente frio e muito crítico, falando mal da empresa e dos colegas.

4- ADOECIMENTO: aparecem sintomas psicossomáticos (ansiedade, depressão) e distúrbios físicos, determinando muitas vezes o afastamento.

5- RESSURGIMENTO: os estudos mostram que 30% dos pacientes conseguem transformar o próprio trabalho, outros 30% adoecem e são afastados definitivamente, enquanto os demais mudam de ramo.




Causas, sintomas e tratamentos

CAUSAS:

* Tempo insuficiente de descanso e de férias
* Envolvimento excessivo com o trabalho
* Sensação de incapacidade e incompetência
* Alta expectativa com relação ao trabalho e consigo mesmo
* Frustração ao se deparar com a realidade
* Raiva
* Inadequação pessoal
* Problemas financeiros
* Falta de estrutura emocional para lidar adequadamente com perdas e frustrações




SINTOMAS GERAIS:

* Irritabilidade
* Pessimismo
* Baixa autoestima
* Frustração
* Falta de energia
*Despersonalização: vítima passa a tratar os outros de forma fria, como se fossem objetos
* Distanciamento emocional e social
* Desmotivação
* Afastamento dos familiares e dos amigos




SINTOMAS FÍSICOS:

* Alcoolismo
* Compulsão por comida
* Depressão
* Dor de cabeça
* Dores musculares
* Dor na coluna
* Gastrite
* Hipertensão arterial
* Insônia




TRATAMENTOS:

* Psicoterapia
* Afastamento do trabalho
* Realização de atividades físicas com regularidade
* Envolvimento com trabalhos voluntários ou sociais
* Bom sono
* Cultivar e manter interesses diversos fora da área profissional
* Manter equilíbrio entre a vida profissional e a familiar
* Fazer relaxamento ou meditação
* Alimentação balanceada e em horários regrados

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