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8 de setembro de 2008

AS CRÔNICAS DE PRYDAIN


Lloyd Alexander – 1964~1968


“Taran é um porqueiro assistente em Caer Dalben”...

Assim começa a história de um dos livros mais leves e fáceis de ler que peguei nos últimos anos: “Crônicas de Prydain”, de Lloyd Alexander.

A série estava juntando pó nas estantes em casa, pois minha esposa a havia comprado há bastante tempo, mas nunca concluiu a leitura. São 5 livros médios, de leitura fácil e leve, com uma narrativa que não explora linha paralelas de ação. Ou seja: você está acompanhando o herói, Taran, o tempo todo, sem se afogar em personagens, ações e temporalidades diferentes. Isso torna as coisas muito mais compreensíveis, se bem que monótonos algumas vezes. Mas isso não deixa que o livro se torne chato.

Na verdade é uma história bem complexa, que reserva algumas surpresas bem agradáveis durante a leitura. Principalmente no final do último livro, quando tudo parece que vai terminar bem, mas ao mesmo tempo, de maneira horrível.

Não leve em conta a tosca adaptação que a Disney fez da história lá pelos anos 70 ou 80 (não me lembro). “O Caldeirão Mágico” (The Black Caldron) foi uma quimera que a Disney fez tentando sintetizar em um único longa de animação 5 livros inteiros. Obviamente não foram inteiros, e se você ler o livro e ver a animação, fica decepcionado, pois os personagens foram simplificados demais, e muitos outros personagens e eventos importantes simplesmente não aparecem. Fflewddur, o rei bardo, que é o personagem mais cômico e um dos mais marcantes em todos os 5 livros, foi retratado no desenho da Disney como um velhote, sendo que, quando você lê o livro, tem a impressão de que ele é bem mais novo (e forte).

Taran é criado na propriedade do mago Dalben, cuidando da porca oracular Hen Wen. Durante a história toda ele e seus amigos enfrentam Araw, lorde da morte na terra de Prydain. Com o passar do tempo, Taran amadurece, indo de um garoto tolo e raivoso até um adulto forte, calmo, sábio e ponderado, que estava destinado a cumprir uma grande profecia. Tudo nele o direcionava para tal conclusão.

Acompanhar Taran, a princesa Eilonwy, Fflewddur, Gurgi, Gwydion e tantos outros personagens cativantes mostrou-se uma delícia após aquela situação toda que li na última série de livros que tive acesso: A Bússola de Ouro.

Por muito tempo eu me perguntei porque as histórias tem que ter finais felizes, já que a vida nem sempre tem (como foi o caso da Bússola de Ouro). Hoje me dou conta de que a literatura, como expressão da imaginação, presta um serviço maravilhoso ao coração humano. Quando lemos uma história em um livro, a magia das letras nos fazem ver, viver e experimentar aquilo pelo que o personagem passa.

A literatura, e mais ainda a literatura fantástica, existem para este fim: nos dar a oportunidade de experimentarmos sensações, emoções e visões que não teríamos de outra forma. É uma experiência de se colocar no lugar de outra pessoa (no caso, do personagem). Ninguém quer que coisas ruins aconteçam consigo mesmo, não é? Desta forma hoje em prefiro finais felizes e absolutos, como o bom e velho “e viveram felizes para sempre” ou então outro que eu gosto mais: “e foram felizes até sua tardia morte”. É como a mitologia. A que conhecemos hoje, milenar, é a que sobreviveu por força de sua moral. Da mesma forma são os bons livros (ao meu entender): só devem falar daquilo que realmente importa. E o que importa? O amor, a bondade e a felicidade. Contra isso não existe objeção de nenhum ser humano.

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