As vezes eu me esqueço do que me motivou a criação deste blog. Dizia a mim mesmo que era para travar uma conversa com Deus (daí o nome, “pra você, Deus”). Mas isso não era uma verdade completa. Eu criei este blog para desabafar, no final das contas.
Existem coisas que normalmente eu não tenho saco para falar para outras pessoas, porque com as pessoas a coisa é complicada. Quando você conversa com alguém, normalmente é interrompido para observações e opiniões do interlocutor, e aqui eu posso dizer o que quero sem ser interrompido, e muito menos criticado. Os que criticam, eu simplesmente não aprovo o comentário e fica por isso mesmo.
Porque estou falando isso, né? Porque eu estou passando por uns momentos diferentes. Creio que em parte intensificados pela leitura dos livros do Phillip Pullman.
Estes livros são hereges do ponto de vista cristão? Se são!!! Mas ao mesmo tempo me despertaram para algumas coisas nas quais eu sempre acreditei e que neste momento me parecem mais intensificadas. Sobre erros que não são erros, e sobre dar o devido valor às coisas, e a Deus. Que definitivamente não é o valor que os livros apresentam. Leia meus comentários sobre os livros depois e você entenderá.
O que percebo já não é de hoje é que o mundo está muito equivocado sobre a maior parte das coisas. As pessoas há muito tempo perderam o foco do que de fato é importante nessa vida. Esta é a verdadeira queda da humanidade: se desviar da simplicidade da vida, de sua felicidade e de todas as coisas realmente importantes em nosso curto espaço de tempo neste mundo, que são o amor, a bondade, a amizade, a paz, a mansidão, a gentileza, a fé, a alegria, o auxílio e o desprendimento.
Vejo as pessoas de manhã nas ruas indo para seus trabalhos, para a escola ou então simplesmente na rua pedindo dinheiro ou roubando. Todos pensam: esta é a vida, fazer o que senão o meu melhor dentro destas regras?
Mas não era e nem é para ser assim! Tenho a impressão de que todos devem acordar pensando em tudo, menos no que deviam. Eu mesmo acordei pensando no que não devia hoje, admito isso. Mas depois, me dei conta disso.
Acordei pensando “puxa, tenho uma reunião chata hoje de manhã... e tem aquele prazo que eu tenho que cumprir naquele projeto... e tem aquela conta pra pagar”. Outras pessoas pensam em coisas como “no que devo investir meu dinheiro” ou “hoje eu vou passar aquele cliente para trás e me dar bem” ou ainda “eu odeio minha esposa” ou então “não agüento mais os meus pais” ou “hoje me sinto vazio e vou cheirar muita cocaína pra ver se me encho de alguma coisa”. Tudo isso... tudo errado.
As pessoas deviam viver livres. Deviam ver através da névoa que há neste mundo e que nos faz ver as coisas da maneira errada. Eu devia acordar pensando no quão bom o mundo é, em como eu poderia botar um sorriso no rosto de todos com quem eu tivesse contato, em como minha esposa é importante e no quão abençoado sou por tê-la ao meu lado. Devíamos focar na bondade, na honestidade, na compreensão. E não no bem próprio, no dinheiro, no poder, na ganância.
Não sou inocente a ponto de desejar que todo mundo seja bom. Só queria que as pessoas de bom coração e de alma pura fossem a maioria E maioria para mim é 50% mais 1. Só que infelizmente vejo a cada dia que estes são minoria, e nem sei se eu mesmo me enquadro neles.
Se você duvida, é simples: faça uma experiência. Escolha um universo de pesquisa que seja extremamente democrático, para realizar um pequeno estudo estatístico sobre como as pessoas se comportam diante da oportunidade de fazer uma coisa boa ou ruim. Eu logo pensei no trânsito: lá você tem pessoas de todas as cores, religiões, sexo, camada social e nível de educação formal. Ou seja, é uma amostra ótima.
O que eu sugiro é: pare em uma esquina movimentada e anote a quantidade de pessoas que, diante de um farol vermelho, o ultrapassam. Ou de quantos que podendo dar a vez para outro passar, e os fecham. Ou de quantas vezes um pedestre atravessa fora da faixa ou de maneira perigosa quando podia fazê-lo com segurança. Avalie quantos agiram bem ou ruim diante de uma situação aonde eles tivessem que escolher, e depois me diga se eu estou errado ao dizer que a maioria é má?
Não vale dizer que a pessoa estava distraída ou que se esqueceu de algo que a tenha feito agir daquela maneira. Não há desculpas. Ou há intenção de fazer o mal ou o mal é feito por pura negligência. E neste caso, negligência é tão ruim quanto a intenção, ou até mais.
Eu estou cansado do mundo, que não nos permite sermos quem de fato somos. Este é um mundo de deficientes. Não no corpo, mas na alma e no espírito. Somos todos mortos vivos, mas eu não agüento mais ser um zumbi ou ver outros ao meu lado agindo como um. No trabalho, na igreja, nas ruas, nos clubes, nos cinemas e em qualquer outro lugar.
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