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28 de maio de 2008

O Reino Mágico do Sul

Capítulo 6:
PRELÚDIO

Os Chibambas Azuis, de aspecto andrógeno e sedutor, eram responsáveis pelas atividades do setor privado, supervisionando de empresários responsáveis por corporações inteiras a trabalhadores de linha de montagem. Eram focados nas cadeias produtivas, humanizando o trabalho e impondo um capitalismo bem menos voraz do que se via no restante do mundo. A jornada de trabalho foi estipulada em no máximo 6 horas diárias, e os conceitos de metas e avaliações foram totalmente revistos e realocados a patamares tangíveis, tornando-as benéficas e não maléficas.


O mercado interno foi privilegiado, sem que as exportações fossem prejudicadas. Pelo contrário: devido a atuação dos Chibambas Vermelhos, as exportações cresciam, pois novas tecnologias eram criadas, e sua produção e implementação na economia ficava a cargo dos Chibambas Azuis, que com os empresários focavam o fim da ganância e do ganho a qualquer custo, enquanto que com os funcionários focavam o comprometimento com o trabalho e a ética profissional sem deixar que isso abalasse suas vidas pessoais com suas famílias. Eles nada mais tentavam do que equilibrar as relações.


Os Chibambas Negros, por sua vez, lidavam com a área mais delicada da sociedade, a qual sustentaria todas as demais: o setor público. Se por um lado diversas instituições haviam sido extintas, os serviços públicos em todas as esferas continuavam em pleno funcionamento, e aqueles Chibambas Negros de porte atlético, feições belas e bondosas, atuavam com funcionários públicos e com os poucos políticos que haviam restado a fim de preparar uma nova cultura neste setor para as gerações futuras.


Os Chibambas negros eram temidos, porque haviam matado muitos políticos que não se redimiam de seus erros e que tentavam insistentemente impor sua corrupção ao limitado poder que Livre os havia outorgado. Haviam as prefeituras, seus prefeitos e vereadores, mas todos eram supervisionados por um Chibamba Negro, que os instruía e observava atentamente. Haviam os Estados e seus governadores, e um poder legislativo diferente, formado não por vereadores, mas sim pelos prefeitos. Eram obrigados a deliberar em prol do bem comum e não mais focando em suas micro-regiões, tendo para isso que trabalharem juntos. Desta forma, foram extintos os partidos políticos, pois não havia mais um partido a ser tomado, uma vez que Livre buscava a unidade e a justiça a todos de uma mesma maneira.


Havia um poder executivo federal que era encabeçado por Livre, e havia, de maneira semelhante às assembléias estaduais, uma assembléia federal, aonde não haviam deputados e sim os governadores estaduais. E havia um senado... Livre entendia que o ideal de uma assembléia que empurra o executivo às maiores altitudes e um senado que limita o teto de vôo era um modelo adequado se permanecesse fiel à justiça, à ética e á busca do bem comum da nação.


E desta forma os anos se passando. Em 300 anos de regime, 12 gerações se passaram, e a cada geração, a cultura que Livre havia criado, de justiça, paz, ética e desprendimento pessoal em prol da coletividade eram mais e mais absorvidas. Muitos já nem tinham Chibambas os supervisionando, ficando estes encarregados apenas por poucas pessoas.


Percebendo que sua missão se aproximava do fim, Livre falou à nação em cadeia nacional. Tinha que relatar ao povo os eventos que se aproximavam, pois aproximava-se do ponto crítico de sua meta. Diante de um scanner tridimensional, Livre foi projetado holograficamente a todos os lares da nação, de forma que todos tinham a impressão de que ele realmente estava ali. Aquela era uma das inúmeras tecnologias desenvolvidas com a ajuda dos Chibambas Vermelhos no decorrer daqueles 3 séculos e que era uma coisa já comum aos brasileiros e ao restante de muitos povos no mundo.


“Olá” disse ele, com um sorriso amável no rosto. Ele não havia envelhecido um dia sequer. “Venho como vim a 3 séculos atrás. Venho determinado em realizar minha missão e comprometido com a justiça, com a verdade e com cada pessoa de bem. Desde o início tenho dito que chegaria o dia em que deveriam andar com suas próprias pernas novamente, e o fato é que vocês já o fazem sem se darem conta, como uma criança cujo pai segura sobre uma bicicleta e, sem que a criança se dê conta, deixa de equilibrá-la para que ande por si só. É chegada a hora de minha partida, mas não sem antes travar a última batalha.”

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