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19 de junho de 2006

O HOMEM BICUDO

Preso. Atado com arame farpado. O homem-bicudo sangra sem entender, sofre sem merecer, deseja a morte, chora desesperado, entrevado, amargurado, machucado, dominado.

Dias tristes como o luto, pesados como a morte, densos como o ar viciado de um abatedouro. Quem são vocês que se dizem amigos? Há tempos aprendi que na tristeza, na dor e no problema, não conto nem comigo mesmo. Não há pai nem mãe, nem irmão, nem amigo, nem ninguém. Existe apenas o vazio, o escuro e o frio. E seus sofrimentos, que te fazem querer apenas sumir, se deliciam com o seu debater.

Quero desaparecer como a estrela pela manhã. Quero deixar de estar e sofrer sem respirar. Quero saber o que fazer e evitar o pior que imagino ocorrer. Não quero mais entender, só quero arrumar. Arrumar o que não posso, resolver o que não sei.

Não há o que fazer, quero desistir, parar de sofrer, parar de sofrer, parar de sofrer, parar de sofrer...

Eu sinceramente estou perdido como nunca me senti. Tenho medo, tenho raiva, tenho tristeza, tenho o que? Tenho só esta tristeza que ha tanto tempo não sentia... que só me faz querer morrer.

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