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23 de abril de 2004

DESEJO DE FUGA

Ultimamente tenho me sentido sem moral para escrever aqui. Estou em uma daquelas fases ruins, no ponto baixo da senóide, em que me sinto sem comunhão com Deus. Não sei muito bem o que fazer, estou cansado pra burro e confuso, e gostaria muito de não ter que passar por momentos assim. Creio que seria mais fácil para todos se não houvessem crises, mas elas existem e é preciso saber administrá-las, mesmo que a estratégia de trato delas seja a que eu costumo adotar, que é a de dar tempo ao tempo e deixar as coisas acontecerem naturalmente, na vontade de Deus, agindo quando me sentir impelido a tal e não fazendo nada de forma artificial. O pior é que não sei por que estou assim ao certo.

Não tenho tido vontade de trabalhar, nem de estudar e nem mesmo de escrever. Eu queria é viajar para bem longe e curtir alguns dias em alguma praia bem deserta, só eu, Deus, minha barraca, uma fogueira, alguns bons livros, alguma comida e, se fosse possível, minha noiva (mas conhecendo ela como eu a conheço, ela ia querer se matar no segundo dia neste marasmo). Eu gostaria de umas boas férias longe da minha vida corrida. Gostaria mesmo, mas não posso e nem vou poder por um bom tempo.

O mundo gira mais rápido hoje do que ontem... e vai girar mais rápido amanhã. No meu atual estado, estou impossibilitado de descansar, mesmo estando exausto. Me sinto como um maratonista que percorreu mil milhas debaixo de um sol escaldante, e exausto e perto de se sentar, sem muitas forças, vê uma placa que diz que ele não pode parar ao custo de ser desclassificado, que ele não pode voltar e que ele acabara de chegar ao primeiro quarto da distância total do percurso. Ele tem que tirar forças de algum lugar e prosseguir como eu mesmo tenho feito. Eu tenho tentado tirar forças de Deus, de minha noiva, de meus amigos, da minha familia e de meus hobbies, mas não tenho conseguido nem isso.

Este sentimento de querer me afastar de tudo assusta muita gente próxima a mim. Ninguém é capaz de compreender muito bem o por que de eu ser assim, e acham que isso parte de algum desgosto que eu tenho pelas pessoas em si, o que não é verdade (ao menos na maioria das vezes). É pecado uma pessoa querer ficar sozinha de vez em quando? Ou preferir um ritmo de vida bem menos visceral do que este que vivemos hoje em dia? Ou querer dar um tempo nas coisas as vezes?

Repito o que sempre digo: não me sinto muito confortável neste mundo, nem gosto do ritmo de vida que levo. Tenho certeza que não era este o mundo que Deus planejava para nós humanos. E o mais incrível é que ninguém gosta deste ritmo, mas fomos nós mesmos quem criamos estes problemas... temos o poder de parar e voltar a ter uma vida mais digna, mas nem todos pensam da mesma forma o tempo todo e acabamos não fazendo nada, apenas caminhamos mais e mais em direção ao abismo.

Citando um trecho de uma música do Legião Urbana (falando dos jovens do Brasil e do mundo): "Até bem pouco tempo atrás poderíamos mudar o mundo! Quem roubou nossa coragem?!". Foi o Diabo? Ou terá sido o próprio homem, mergulhado em suas mesquinharias?

Sábado (amanhã) volto a ensaiar na igreja depois de mais de um mês, devido à inflamação no nervo do cotovelo de minha noiva (ela não ia, e eu perdia a carona). Assim, quem sabe eu volto a ter uma comunhão maior com os irmãos e com Deus? Quem sabe eu não volto a ter vergonha na cara? Tenho orado esparsamente, assim como tenho estudado a Bíblia muito pouco, e os estudos de evangelização aos domingos de manhã tem sido bons mas ao mesmo tempo não. Me sinto envergonhado não por vocês que lêem isso (se me sentisse, não escreveria), mas me sinto envergonhado por Jesus... e novamente me pergunto que porcaria de crente eu sou que se deixa cair nestas situações de morbidez de fé, deixando amornar o amor... que Deus tenha piedade de mim e de todos nós.

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