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10 de agosto de 2011

O PROPÓSITO DO SOFRIMENTO

Devido a tudo o que vem ocorrendo em minha família (dois casos sérios de câncer, um mais grave que o outro) e ao sofrimento que isso implica a mim e aos que me são tão próximos, obviamente vem a tona a velha questão do "por que Deus permite tanto sofrimento ao ser humano?". Não digo apenas no caso da minha família, mas sim da humanidade em geral, porque coisas tão ruins ou muito piores do que estas ocorrem com centenas de milhares de outras pessoas neste exato momento. Ocorrem, ocorreram e ocorrerão.

John Piper (http://www.desiringgod.org) é um pastor batista norte-americano que prega o que ele chama de "evangelho do sofrimento". Indo na contra-mão dos teólogos da prosperidade (que ele e eu abominamos) ele esclarece que o cristianismo em síntese chama-nos a uma vida, neste mundo material aqui, de sofrimento, não pelo sofrimento em si, mas pelo que ele representa no mundo hoje e pelo que ele representa para nós mesmos e para Deus.

Para o mundo representa nossa conversão, uma vez que ser crente em Jesus implica em ser diferente, em ser perseguido, ridicularizado, em se revoltar contra a ordem do mundo e não poder fazer nada de prático para mudar as coisas, em ser tentado a fazer coisas que agora, sabe-se, são contra a vontade de Deus, em ser exposto a situações e culturas que nos levam a práticas incorretas, a ser influenciado ao invez de influenciar, etc.

Pessoalmente representa a capacidade de deixar de adorar a nós mesmos e passar a adorar a Deus. De agir e caminhar nos caminhos de Deus mesmo com espinhos. Mesmo com doenças. Mesmo com miséria. Mesmo com morte e sofrimento. E o exemplo máximo disso foi o próprio senhor Jesus. Ele não veio ao mundo se não para cumprir a vontade do Pai. Jesus veio para salvar, é verdade, mas salvar não apenas por seu ato na cruz mas também (e penso eu, principalmente) por seu exemplo que devemos seguir.

Seu exemplo foi de amor, mas ao mesmo tempo, de sofrimento inigualável, de sofrimento e morte física. Não pelo sofrimento em si. Não pela morte em si. Mas pelo que eles significavam! Pelo desprendimento que Ele teve de si mesmo, única e exclusivamente para que seus atos demonstrassem que DEUS e sua vontade eram importantes ali, e não ele. Deus é o que importa, e não nós mesmos. E renegar a nós mesmo nos faz sofrer, e muito.

Mais ainda do que isso tudo, eu começo a vislumbrar uma verdade que agora parece óbvia, que você até pode já ter lido em algum lugar ou percebido ao ler o livro de , mas que eu só percebo o quão rica é agora que estou imerso neste sofrimento e busquei entender seu propósito: é no sofrimento que temos a oportunidade de glorificar a Deus mais do que nunca. Porque quando tudo está bem, quando sua geladeira está cheia, você e seus familiares estão com saúde e prosperidade, é muito fácil dar graças a Deus, se é que você se lembrará de Deus nestes momentos de euforia.

Mas quando tudo vai mal... é neste momento que sabemos se realmente acreditamos e amamos a Deus, se o adoramos acima de todas as coisas e se compreendemos que TUDO está no controle dEle, e que tudo tem um propósito, e que tudo colabora para o bem dos que o amam... mesmo que seja aquilo que entendemos como sofrimento.

Porque é mais impactante para o ser humano e mais profundo a sua natureza ver uma pessoa em intenso sofrimento glorificar a Deu de todo o coração do que ver alguém que acabou de conquistar o mundo fazendo isso.

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