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29 de dezembro de 2008

MAIS SOBRE A CRIAÇÃO DE UM NOVO MUNDO

Criar um mundo imaginário parece ser uma tarefa das mais desafiadoras. Recentemente falei, em outra postagem, que eu estava escrevendo um livro, ou mais propriamente, fazendo os estudos para escrevê-lo. Continuo nesta árdua tarefa, que se mostra mais complexa e interessante a cada dia.

Escrever uma história de fantasia é muito mais complicado do que escrever uma história que se passe, digamos, em nosso mundo. Conhecemos nosso mundo. Sabemos que se jogarmos um objeto para cima, ele cairá. Temos alguma noção, mesmo que instintiva, de como as coisas funcionam em nosso Universo. Escrever uma história que se passe nele é, portanto, mais fluido e natural.

Já em uma história fantástica as coisas podem se complicar. Como disse antes, quero escrever algo de boa qualidade, e não mais um texto mequetrefe desdes que eu tanto escrevi no passado. Li em vários lugares que o mais importante para um escritor iniciante é escrever histórias que se passem em lugares conhecidos, para que a trama não pareca artificial demais. Isso é impossível em uma história fantástica, pois tais lugares simplesmente não existem. Ou será que existem?

Pensei um pouco na questão e descobri, de maneira lógica, que tais mundos existem. Eles ficam DENTRO de nós. Visitamos estes lugares ao ler um livro. Digo “ler” porque em filmes estamos tendo uma noção pronta e imutável daquele lugar, sem espaços para co-criações. Considero o ato de ler uma co-criação, pois a pessoa é obrigada a imaginar as coisas, e a imaginação de duas pessoas podem criar mundos totalmente diferentes, mesmo que estes mundos sejam o mesmo descrito em um texto.

Podemos visitar da mesma forma lugares reais e alterá-los com o uso de nossa imaginação (Tolkien morava em uma região aonde haviam antigas chaminés que, dizem, o inspiraram na questão de haver na Terra Média Duas Torres de poder, Orthack de Sauron e Isengard de Saruman). Podemos neste caso visitar o lugar realmente por meio de uma viagem, voltando a ele quando bem entendermos por meio de novas viagens ou simplesmente por meio de nossas recordações. O importante é que, não falando apenas de locações mas sim de tudo, toda boa história que se preze deve ser original na maior quantidade de elementos possível.

Já li de alguns estudiosos em mitologia que existem apenas 4 ou 5 histórias realmente originais na cultura humana, e que todas as milhares de milhões de outras histórias ou são reinterpretações, releituras ou combinações destas primeiras. Assim, é impossível criar algo 100% original, pelo menos assim parece.

Com esta necessidade de originalidade em mente, soube que não podia me basear em um mundo já existente. Devia construir meu próprio mundo, mesmo que eu o construísse usando peças de diversos outros lugares. Posso construir uma casa criativa e inovadora por exemplo, mas ela é construída com tijolos iguais a aqueles usados em milhões de outras casas.

Assim decidi por criar um mundo particular, de tal forma que eu o conhecesse como a palma de minha mão e pudesse colocar meus personagens e minhas tramas neste espaço de maneira tão natural e encaixada quanto possível. E assim, transformar este mundo em um personagem ativo da história, da mesma forma com que Tolkien fez com sua Terra-Média, que está presente a todo instante com uma presença mágica, sutil mas absolutamente ambientalística e fundamental.

Criar um mundo do zero, com suas regras de funcionamento (físicas, políticas, religiosas, tecnológicas, etc), culturas, etnias, geografia, paisagens e territórios é trabalho árduo, mas estranhamente gratificante. É uma experiência que recomendo, como exercício criativo, e que sei de antemão que irá gerar um produto imperfeito: por mais que um pessoa se esforce, é improvável que ele consiga descrever um mundo tão complexo quanto o real, mesmo porque não deve ser este o objetivo final de uma história fantástica. O ideal é que este mundo não seja árido de detalhes, tão pouco inundado. É necessário equilíbrio, e o equilíbrio, como vi, é simetria perfeita, e portanto de difícil obtenção e instável manutenção.

Estou lendo muita coisa estranha ultimamente, de livros de física a história da arte, passando por história militar, geologia, astronomia, astrofísica e misticismo. E, obviamente, mitologia e simbologia. O mais engraçado: minha história não trata de nenhum destes assuntos... todos apenas me fornecem os tijolos para construir o mundo ande ela se desenrolará.

2 comentários:

Daniel crie um mundo magnifico o essencial é que você não pare nunca construa esse novo mundo e que nada ninguem possa deter não perca tempo meu caro viva esse momento de criação com certeza vai ser lindo

Eu queria criar um mundo novo
Para que o mundo novo me criasse.
Não ficar à espera para ver,
Antes que o mundo me mudasse...