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1 de dezembro de 2008

CRIANDO O UNIVERSO

Como escritor, sou frustrado quanto a minha própria obra. Não sei quantos escritores amadores como eu tem este problema de começar diversas histórias, desenvolver personagens e tramas mas, de uma hora para outra, abandoná-la e nunca terminá-la.

Perdi a conta de quantas histórias iniciadas e nunca terminadas já escrevi. É mais fácil contar aquelas que eu terminei: uma! E já se vão bem mais de 10 desde então.

Contos curtos não podem ser computados. Nem poemas, que eu não escrevo já há bastante tempo. Nem mesmo roteiros. Estou falando de uma história longa, encorpada, com no mínimo 300 páginas, com tanta coisa acontecendo que por mais que a história seja boa a maioria dos leitores nunca conseguirá ler de uma tacada só (não que eu seja um prodígio da literatura, mas você entendeu o que eu quis dizer, não?).

Faz algum tempo que tive a idéia de escrever uma história que classifico como “meu projeto definitivo”, pois estou determinado a maturá-la durante todos os anos que forem necessários. Não se trata portanto de uma história rasa, mas sim de uma história com a maior profundidade que eu possa imprimir. Que terá tantos personagens, locais, situações e tramas que deixaria de ser uma história comum para se tornar uma novela (não de TV, pelo amor de Deus). Na verdade não uma novela, mas sim algo cujo termo me dá calafrios, por julgar-me incompetente para escrever algo que seja digno de tal alcunha: um épico.

A vantagem de minha incapacidade em terminar histórias é que tudo o que eu escrevi e nunca concluí vai ser reciclado nesta nova (e se Deus quiser definitiva) história. Como falei, tenho dúzias de personagens que carecem apenas de algumas adaptações para se encaixar no Universo que estou criando. Universo este, aliás, que vem me tomando um tempo bastante longo nos últimos meses, mas que poderá render muitos frutos.

Percebi lendo “O Senhor dos Anéis” (que para mim é uma obra-prima da literatura mundial) que mais importante do que os personagens e suas aventuras e ações é o mundo no qual eles se inserem. Este Universo tem um peso e importância fundamentais para a qualidade e fluidez da trama.

A Terra Média era muito verossímil porque tinha algo que a maioria absoluta das localidades literárias não tem: história, mitologia, lendas, passado. Não meramente algo como “criado por um deus X”, mas sim um detalhamento muito grande (dentro do humanamente possível) de tudo o que ocorreu desde a criação até o início da história a ser contada de fato. Tal como nosso próprio mundo. Vide “O Silmarilion”, que é o livro que escancara a mitologia, a história antiga e as lendas da Terra Média, tornando-a tão real que quase pode ser tocada com nossa mente.

Já trabalho na criação desde Universo há muito mais tempo do que me dava conta. O que fiz foi desenvolvê-lo e agregar a ele todas as idéias inacabadas que já tive, e que hoje percebo na verdade terem sido guardadas para esta ocasião.

O mais interessante de tudo é que após trabalhar muito no computador em editores de texto, estou finalizando o regimento desde universo em um velho e bom caderno, aonde posso colocar desenhos que eu mesmo desenho, mesmo não sendo lá um grande desenhista. Mas para o que planejo, até que estão ficando bons. Não tenho como descrever a sensação que me dá ao escrever manualmente novamente, mas percebo que a área em meu cérebro que que trabalha a escrita tem compartimentos para ambas as formas, e que a que cuida da escrita a mão é bem mais lenta do que esta que estou usando agora. Mas é prazeroso apesar de tudo.

Se será uma história que ficará em meu armário pelo resto da vida ou se algum dia eu a publicarei, isso eu não sei. Só sei que quero terminá-la, não por obrigação, mas por puro divertimento e exercício da minha habilidade com a escrita.

Sobre o que fala a história? Isso é um segredo que revelei apenas a duas pessoas, e se tudo der certo, até o final dela, assim continuará. Não sou idiota a ponto de contar algo sobre ela na Internet, aonde pessoas prospectam novas oportunidades de conseguir o que de mais valioso há para se negociar na rede hoje em dia: conteúdo.

Se acha que eu estou escrevendo em um caderno apenas por romantismo, você se engana. Sou mais paranóico do que gosto de admitir, e a desconfiança tem uma pequena parte em minha decisão.

1 comentários:

boa tarde,

descobri hoje o teu blog e devo dizer que fiquei impressionada

de facto, sentir a caneta a deslizar no papel nao se compara ao teclado :)

desejo-te muito boa sorte nesse projecto,

cristiana