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26 de fevereiro de 2007

MOMENTO SILVER SURFER

Cá estou, preso a este corpo impulsionado por paixões, desesperado como alguém trancado em uma carruagem sem condutor que se precipita ao abismo. A tristeza inunda meu coração tal como o lastro de um navio. Frio e incerto é o destino daquele que sem controle caminha sobre a face da Terra...

Não posso mais sonhar pois meus sonhos nunca foram sequer sonhados. Não posso perder minha identidade porque descobri que nunca tive face. Como o infortúnio pesa e como a aurora se transforma em crepúsculo...

Que sentimento é esse de iminência de conflito? Denunciado pelo gosto ocre em minha boca, vislumbro terra embebida de sangue e o silêncio encharcado de gemidos fracos e constantes. Cada pedaço que me cai é como barro se desfazendo em água, sendo diluído por toda essa imensa e inconcebível constatação de que não sei mais quem sou.

Me sinto oco, apenas uma casca fina e quebradiça repleta de nada. Um engodo para mim mesmo. Eu me sinto perdido em uma terra estrangeira, incomodado comigo mesmo por entender que não tenho de fato nenhum desejo genuíno, nenhuma aspiração própria, nenhuma vontade nobre.

Eu me sinto tão descartável quanto minha mente pode conceber. Inseguro, incerto, instável e incapaz, sem forças para andar, pensar e respirar. Preso a uma existência pobre da chama de ser alguém. Insanamente descontente por ser um não ser.

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