Hoje eu queria me esconder da dor de estar vivo. Me eximir do tributo a ser pago por viver entre mortais. Hoje eu queria me entocar em um esconderijo, lamber minhas feridas, repousar de tudo o que me mata.
Hoje eu queria um fim para a agonia. Um anestésico para a alma. Um lenço para a lágrima. Uma sutura para os cortes invisíveis que carrego em agonia, uma festa para o cadáver que carrego dentro de mim... um fim, derradeiro, terminal e completo fim.
A dor de viver enquanto se esvai a alma em terrores que ninguém vê está emoldurada em uma parede encardida em um quarto nos fundos de uma casa decrépita em um bairro isolado de periferia sob o título de "frescura". Ninguém vê, ninguém se importa, ninguém dá a devida atenção. É a miséria humana, a tragédia silenciosa que aflige a humanidade, é a tristeza condensada em sua mais pura forma.
O mundo é um lugar inóspito, frio e cheio de pessoas que gostam de ferir. Há aqueles que aprendem a ferir em retribuição, há aqueles que se resignam em sofrer em silêncio e aqueles que com medo do ferimento matam quem tenta se aproximar. Que cansaço é o mundo e todos que nele estão. Tudo é tão difícil...
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