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6 de março de 2006

MUDADO



Neste final de semana eu fui ao casamento de um antigo amigo. Fazia um bom tempo que eu não o encontrava, e neste casamento reencontrei algumas pessoas que já havia alguns anos que não via (inclusive minha antiga chefe e alguns antigos colegas de trabalho).

Todos foram categóricos: eu estava muito diferente, e eles quase não me reconheceram. E o fato de eu ter engordado uns 20kg de lá pra cá é a causa.

Não houve maldade nas palavras deles: em uma foto que a Cris tem na cabeceira da cama dela, eu estava bem diferente com os meus 82 ou 83Kg (2001). Hoje, nos quase 100kg, eu estou bem diferente mesmo.

Ai eu comecei a entrar naquela velha e conhecida espiral de auto-análise idiota que eu insisto em fazer comigo mesmo (mais uma compulsão): por que eu comecei a engordar tanto assim?

Me lembro que com uns 82kg ou 83kg eu já estava me sentindo bem gordinho lá pelos idos de 1999 e 2000. Hoje então, com esse peso todo, eu me sinto uma pessoa meio deformada. E por que eu tenho lordose e escoliose, e as coxas grossas (que fazem minhas calças rasgarem rapidamente) a visão que eu tenho de mim mesmo é pior ainda. Imagine agora que eu estou sem poder fazer exercícios então? Eu acho que eu sou uma pessoa digna de pena...

Em conversa com a Cris, tentando entender o que aconteceu, eu comecei a perceber que na verdade eu comecei a engordar muito mais depois que eu comecei a namorar com ela, e mais ainda quando fiquei desempregado por 6 meses e depois fiquei pingando em estágios mal remunerados por 2 anos.

Eu sou compulsivo. Eu como por compulsão, em busca de equilibrar a minha anciosidade por tudo o que enfrentei e enfrento. E isso não é só com a comida, sou compulsivo em outras coisas também, como se eu me atirasse à estas compulsões em busca de uma fuga da realidade, de uma auto-satisfação que me desse um pouco de prazer no meio da loucura que, constato, é a minha vida. Poderia ser até mesmo um viciado em drogas, o que graças a Deus não sou. Mas nem por isso minhas compulsões me fazem menos mal. Eu busco compensações.

Minha vida era mais tranqüila antes por que eu não tinha compromissos. Eu não me preocupava tanto com as coisas mesmo, como a Cris me disse. Hoje eu sou mais sério e responsável, mas a que custo? Ao custo da minha saúde... eu tenho medo de falhar por que hoje vejo que muita coisa depende de mim, e por isso me empenho. Só que o empenho para mim é uma via de duas mãos, se por um lado me tornou mais comprometido, por outro me levou a esta situação atual. Em busco compensações!!! Compensações pelas coisas que eu tenho que fazer mesmo sem querer!

Eu vivo cansado por que vou dormir tarde. Me sinto sem energias por que sou sedentário... na verdade tem dias que eu me sinto fora de órbita, meio que amortecido, flutuando no espaço, sem entender bem por que faço as coisas que faço ou por que tenho que fazer tanta coisa que eu simplesmente detesto.

Pela milionésima vez, vou me empenhar em mudar a situação, mas já estou começando a acreditar que sozinho não vou mudar nada. Sei que nada é impossível para Deus, mas eu não sei se sozinho com Ele eu serei capaz de mudar minhas condutas. Falta de fé em em Deus? Não... falta de fé em mim mesmo.

Amanhã começo em mais uma academia, aonde vou fazer natação, alongamento e musculação leve pra perder peso. Em paralelo, tenho que tentar comer menos, o que para mim é muito difícil, principalmente com doces. Vou para a batalha com um gosto amargo na boca...

Sei o que está acontecendo, mas o conhecimento não está me servindo de nada neste momento. Pensava que a consciência do problema era meio caminho para a solução, mas na verdade a vida é muito mais complexa do que isso, e as vezes ter a consciência do problema se torna um problema a mais. Por que se antes eu só tinha a conseqüências do problema, agora eu também tenho o sentimento de culpa pelo que está acontecendo comigo.

Que Deus tenha misericórdia de mim. Se antes apenas a minha alma inspirava cuidados, agora também a minha carne sofre pelo meu estado psicológico, emocional e espiritual. Misericórdia, Jesus... eu nunca pensei que eu fosse tão fraco quanto sou.

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