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10 de fevereiro de 2006

CRISE DE IDENTIDADE

Qual é o impacto que a minha opção espiritual tem sobre a minha vida?

Esta pergunta vem flutuando em minha mente a algumas horas. O que a minha opção por Jesus significa de fato para mim? Como o paradigma que eu tinha para a vida foi alterado? Que tipo de transformação isso me trouxe? E por fim, que vantagens esta escolha me proporcionou?

Eu me lembro de que quando eu era adolescente eu procurava algo em que acreditar: algo maior do que tudo. Daí, naturalmente, entendi aquela velha afirmação de que o ser humano precisa se relacionar com algo maior, com uma divindade, um deus (com d minúsculo mesmo).

Isso é fato, todo mundo tem essa necessidade, e quem diz que não tem, na verdade não sente esta necessidade por que se sente completo sozinho. Na minha visão, isso é uma doença mental. Mais do que narcisismo, é uma total e completa falta de conhecimento acerca de si mesmo. Quem se conhece bem sabe que falta algo. O fator que impulsionou a humanidade adiante em todas as áreas de atuação possíveis foi justamente este sentimento.

Para este sentimento de falta, ou de que não se está completo, existem muitas teorias. Muitas pessoas acham que esta sensação de falta é cultural (passada de acordo com a educação e costumes da sociedade). Outros afirmam que é fisiológica (ou seja, nossos cérebros são estruturados de forma que sintamos essa necessidade assim como sentimos necessidade de respirar). Existem ainda aqueles que dizem que é psicológica (que é uma ilusão que nosso cérebro cria para interpretar sensações que não conseguimos definir muito bem) e ainda há aqueles que dizem que na verdade é tudo uma mistura de todas estas teorias.

Que o ser humano é um ser complexo demais, cujo funcionamento da mente ainda é um mistério gigantesco para a nossa ciência, eu sei. Mas eu acredito na teoria que diz que Deus nos fez de tal forma que nossas almas anseiem por Ele. Dessa forma, o sentimento de falta não é cultural, nem fisiológico e nem psicológico. É, na verdade espiritual.

O impacto inicial de Jesus em minha vida foi imenso. Meu paradigma de vida mudou, passei a dar importância para Jesus mais e mais, mudei diversas atitudes e hábitos, e a vantagem que eu tinha disso tudo era uma só: estar feliz por saber que eu estava fazendo o que era certo.

Felicidade é a coisa mais desejada por todos os seres humanos. Felicidade é um estado em que tudo está bem, em que nossas necessidades estão supridas, nossos sonhos realizados, nossos corações repletos de paz e nossas mentes estão serenas.

Mas eu mudei...

Mudei para pior. E agora me pergunto aonde foi parar aquele desejo de encontrar no que acreditar. E na verdade percebo que eu sempre quis acreditar em algo, mas que eu nunca havia refletido no que eu iria fazer depois. Me pergunto por que abandonei a felicidade que eu acho que tinha, por que meu paradigma de vida está mudando outra vez e por que não volto ao meu primeiro amor.

Fraqueza espiritual? Doença? Falta de fé?

Não sei. Só sei que isso não me faz deixar de reconhecer, mesmo nos momentos mais tristes, nos momentos de maior revolta, de maior desânimo e de maior dor que Jesus é Senhor, que eu sou pecador e que nada mereço, mas que assim mesmo o amor de Deus para comigo é tão grande que eu não posso mensurar.

Não deixo de acreditar em Jesus, nem de ter esperanças de que Ele me perdoará por amor. Mas o que mais me machuca é ver que eu consigo louvar ao Senhor com minhas palavras, mas não com minhas atitudes.

E mais uma vez me vem à mente a pergunta: qual é o impacto que a minha opção espiritual tem sobre a minha vida?

Tenho vergonha de mim mesmo perante Cristo. Eu queria ser benção, mas só consigo ser maldição. Eu queria dar testemunho, e só dou mal exemplo. Eu queria ser luz, mas acho que só tenho conseguido escurecer a vista dos que estão à minha volta...

Quão complicada é a vida. Quão estranhos são os caminhos que trilhamos. Qual o significado de tudo isso, se não o de me mostrar cada vez mais no quão grato eu devo ser por seu sacrifício, Jesus. Seu sacrifício para me salvar. Seu sacrifício, que além da cruz, foi carregar sem culpa cada um desses pecados que eu cometo, e eu sei que cada um deles foi extremamente doloroso.

Espero, Senhor, que este processo termine por me confrontar de tal forma com o teu amor que eu me renda total e definitivamente a Ti. Por que a cada pecado que eu cometo (e eu sei que os cometerei até eu morrer) eu sei que lhe entristeço, mas sei que cada um deles me machuca como uma chibatada, e que chegará o dia que toda essa dor que inflijo me fará acordar deste estado de catatonia e amortecimento tão nojento pelo qual eu tenho passado.

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