ATIVIDADE FÍSICA: MEU MAL NECESSÁRIO

Um amigo meu, o João Paulo, me convidou a voltar a treinar Kung Fu. Se você lê este blog há algum tempo ou me conhece, sabe que eu praticava Kung Fu Choy Lay Fut até o ano de 2005 ou 2006 (não me lembro bem). Foram 5 anos de prática. De lá para cá tentei por uns anos ir em academias fazer musculação, mas nunca engrenei muito, e depois do meu casamento eu larguei mão de qualquer atividade física definitivamente.

O resultado é que 2009 foi o ano em que eu mais fiquei doente em minha vida. Foi problema de estômago, garganta, dor no pé que voltou com tudo, fraqueza, depressão, estresse, intestinal... estou um caco. Então voltar a fazer kung fu que era algo que eu gostava, e com um grande amigo meu, em uma academia relativamente perto da minha casa seria uma ótima idéia, não? Ai é que está o problema: eu não sei.

Eu havia abandonado o Kung Fu basicamente porque estava de saco cheio de ser gordo e apanhar dos outros em aulas de combate por ser mais lento e cansar mais rápido. Estava de saco cheio de me cobrarem para ter o mesmo desempenho que pessoas mais novas, mais magras e com mais tempo para treinar do que eu, ou que eram tão ferradas quanto eu mas que por algum motivo qualquer tinham um desempenho melhor. Estava de saco cheio de ser avaliado com base no comportamento alheio e não por meus próprios limites, e por isso nunca avançar de graduação e nunca aprender coisas novas. Estava de saco cheio dos outros me dizendo qual era o meu limite, não acreditando em mim quando eu falava que meu limite era aquele e pronto. Não queria mais um esporte competitivo.

Verdade seja dita: eu preciso fazer alguma atividade física porque eu estou definhando. Cheguei novamente aos 100kg, mesmo que todos digam que eu não aparento ter esse peso, eu o tenho e isso é um sinal de que eu estou numa pior. Mas reluto em voltar a praticar kung fu porque, por mais que meu amigo me diga que nesta academia as coisas são diferentes, que o foco lá é qualidade de vida e não em formar lutadores para competição, que cada um tem seu limite respeitado, eu sei que as coisas não serão bem assim porque a natureza da arte marcial não é essa. Sua natureza é a competição e o combate. Não estou falando que isso é errado, apenas estou constatando que esta é sua natureza e que não estou muito disposto a me envolver com isso novamente.

Cheguei a cogitar começar a fazer jiu-jitsu, mas vi que as academias desta arte marcial em Campinas são mais xiitas que as de kung-fu. Pensei em fazer aiki-dô mas é caro. Pensei em fazer boxe mas é difícil achar uma academia boa em Campinas. Ia fazer pilates com minha mulher mas vi que é muito mais caro do que tudo o que eu tinha visto antes. Pensei em Ioga, mas minha mulher desistiu porque encanou com o pilates. Fazer exercícios por conta própria em casa seria uma loucura, uma vez que eu não tenho força de vontade e determinação nenhuma para isso, tão pouco espaço. Fazer academia na frente de casa eu não vou porque odeio o dono do lugar, que mora em cima da mesma e gosta de dar festas barulhentas que vão até de madrugada.

Eu estou ferrado, essa é a verdade. Por falta de opção, creio que acabarei indo para o Kung Fu mesmo, mas temo ser outra perda de tempo. Só tem uma forma de saber se será perda de tempo, então eu preciso tentar.

O fato é que eu não gosto de fazer atividade física, e quando a faço preciso me manter muito motivado nela. Sempre a encarei como um mal necessário. Preciso começar a vê-la como um bem necessário.

Engraçado que quando eu jogava basquete em minha adolescência e juventude eu ia jogar feliz. O que antes eu via com prazer hoje vejo com agonia. Bem, este é mais um assunto para tratar na minha terapia.