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2 de março de 2004

QUANDO O AMOR SUPLANTA A DOR

"Mulher virtuosa, quem a achará? O seu valor muito excede o de finas jóias"

Provérbios 31:10:



Havia certa vez um rapaz de boa índole que levava sua vida sem grandes problemas. Tinha um emprego razoável, acabava de entrar na faculdade, não bebia, não fumava e não tinha nenhum tipo de vício socialmente condenável. De fato, tinha uma vida, sob certo ponto de vista, muito tranqüila e reta. Porém, sentia uma tristeza que variava de intensidade de acordo com o dia. Uma tristeza que lhe fazia doer a alma, segundo suas próprias palavras. Uma tristeza que o fez ir até um psicólogo, que só serviu para lhe confortar por algum tempo. Seu problema não era totalmente psíquico. Era algo que ia muito além, mesmo que ele ou alguém que fizesse parte de sua vida na época não se dessem conta ou pudessem admitir.

No passado este rapaz havia feito algumas coisas erradas das quais se arrependia muito, mesmo que fossem coisas consideradas aceitáveis pela sociedade de uma forma geral. Naquele passado havia uma garota que estudava com ele, crente em Jesus, e que sabia disso. Ao invés de se distanciar dele, ela percebeu seu verdadeiro problema, e se dispôs a ajudá-lo, compartilhando de Jesus com ele. O rapaz, porém, tolo em seus anos de rebeldia juvenil, não deu muita atenção a "aquela conversa de crente" que ela lhe falou. Mas naquele instante, ele se apaixonou por ela, para nunca mais esquecê-la. Não teve coragem de lhe dizer isso, já que ela tinha namorado, e então guardou aquele forte sentimento para sí. Porém, o fato da garota ter se preocupado com ele a ponto de conversar sobre sua fé lhe demonstrou algo muito sério. Alguém de preocupava com ele de alguma forma boa. Alguém além de seus pais lhe queria muito bem. Mesmo não se dando conta, o rapaz outrora magro, de cabelos compridos e roupas de metaleiro de agarrou a aquilo de alguma forma, e após algum tempo deixou seus atos mais errôneos de lado (não necessariamente os cabelos e as roupas, mas sim suas atitudes e gestos).

Algumas semanas após o final das aulas no colégio (eles haviam se formado e não se veriam nunca mais, não fosse o projeto de Deus) ele resolveu escrever à aquela mesma garota, lhe dizendo que a amava. Obteve respostas frias, e foi ligeiramente cruel com sua resposta à ela. Decidiu não mais lhe escrever, portanto sua ultima carta fora repleta letras amarguradas. Tudo por que recebera por escrito a terrível frase de que ela queria ser apenas sua amiga. Ele ficou muito deprimido por mais de um ano, mas se recuperou da forma que pode. Endureceu seu coração para o amor e prometeu a si mesmo não se apaixonar nunca mais.

O tempo passou. Ele perdeu contato com a garota e naquela época já se fazia alguns anos que não a via. Levava sua vida da melhor maneira que podia agora, mas a mesma tristeza que o havia levado a cometer aqueles atos errados no passado vivia lhe rondando, lhe causando crises depressivas ocasionais. Achou que a tristeza era devido à falta de mulheres, e tentou conquistar várias, sem nenhum sucesso. Não conseguia se aproximar de nenhuma garota da forma certa, e sempre levava foras ou perdia a coragem de se aproximar. Ao mesmo tempo a imagem daquela garota que anos atrás lhe havia demonstrado tanto carinho e preocupação continuava a lhe ocorrer com certa freqüência naqueles mais de 3 anos.


Um dia, sentindo-se culpado pelo que havia escrito à ela anos atrás, escreveu-lhe uma carta (conseguindo o endereço com uma amiga em comum que preservavam daquela época). Contou-lhe que estava bem e fez um breve relato de sua vida (omitindo a parte da tristeza que lhe rondava, e contando somente as coisas boas e amenas), e por fim lhe pediu desculpas pelo que havia escrito naquela época. A resposta demorou, mas veio. A garota lhe escreveu de volta, contando que estava com outro namorado, e que estava muito feliz de receber uma carta dele e saber que ele estava bem. Ela lhe enviou seu e-mail e eles passaram a trocar mensagens. Começaram a reatar uma amizade a muito esquecida, e o rapaz, preocupado se inda a amava, propôs em sua mente: "não quero me apaixonar novamente, não quero me machucar outra vez".

A garota deixou de lhe responder os e-mails por um bom tempo. Um dia, enquanto ele almoçava perto de seu serviço, a encontrou. Notou que ela o viu e o olhava fixamente. Ele, tremendo, fingiu que não a viu. Não saberia o que lhe dizer depois de tanto tempo (eles não havia se reencontrado pessoalmente desde o colégio), e constatou, horrorizado de medo, que ainda a amava perdidamente. Ao voltar para o seu serviço, viu um e-mail dela em sua caixa postal. Ela perguntava o que ele fazia almoçando perto de sua casa. Durante este tempo todo, ele não havia se dado conta de que ela morava a apenas uma rua de seu serviço. Ele riu se achando um idiota, e combinaram de almoçar juntos.

A garota lhe disse que havia deixado de responder os e-mails por que seu avô havia morrido, e não estava com muito ânimo de fazer nada. O rapaz perguntou se seu namorado não achava mal de ela almoçar com ele. Ela disse que eles haviam terminado. O rapaz teve que conter seu sorriso de felicidade. Mas sua timidez incrível (e seu simancol) lhe impedia de dizer o que sentia. A garota estava triste pelo que vinha acontecendo com ela (perder duas pessoas que amava em um curto espaço de tempo), mas parecia gostar da companhia dele.

O tempo passou, e eles se viam ocasionalmente, já que a faculdade da garota estava em greve. Ele foi até a casa dela, conheceu seus pais e começou a ganhar intimidade com ela, mais ainda do que tinha no colégio. Foi convidado para ir até a igreja da garota para ir a uma atividade de natal, e compareceu ao evento. Ele sentia que o amor que nutria por ela crescia mais ainda, se isso era possível. Orou em sua casa, sozinho, dizendo à Deus: "Deus, se o senhor realmente existe e quer me provar isso, simplesmente me faz ficar com ela se ela é a mulher com quem você quer que eu fique pro resto da vida... ou tira ela do meu coração, por que não vou agüentar outro capote". Ele buscava, desde pequeno, um relacionamento assim, sólido. Procurava alguém para passar o resto de sua vida. Não desejava de fato aventuras com várias mulheres... ele queria apenas a mulher certa para ele.

Um dia, quando soube que a faculdade dela terminaria a greve, e que ela voltaria a ter aulas (e conseqüentemente eles não se veriam mais com freqüência), algo o moveu até a casa dela, e tomado por um sentimento de coragem que ele nunca havia demonstrado, ele conseguiu se declarar de uma forma coerente em seus sentimentos. A garota ficou tocada, mas não queria ter nada com ele além de amizade, e o comunicou isso de uma forma muito doce e gentil. O rapaz tentou entender, mas ficou se sentindo muito mal e ferido, e se dispôs a não mais procurá-la, afinal era a segunda vez que fazia aquilo, e para ele era o que bastava. Despediu-se com cordialidade, e foi-se embora com a idéia de nunca mais procurá-la.

A garota lhe escreveu depois de um tempo sem se falarem, lhe dando uma bronca por ele ter sumido. Ela insistia em manter contato. Combinaram de sair juntos, para ir ao shopping comprar algumas coisas. Algo aconteceu com a garota, que parecia estar cada vez mais interessada no rapaz. Um dia, ele resolveu lhe mandar flores, e ela lhe disse que queria conversar com ele. O rapaz foi até a sua casa com o coração explodindo. Continha sua ansiedade, mas estava aflito com o que estava acontecendo. A garota lhe disse que não conseguia tirá-lo de sua cabeça, mas que ela não se relacionaria com alguém que não fosse crente em Jesus Cristo.

O rapaz pediu um tempo para pensar. Disse o que achava daquilo. Disse que era algo muito importante, e que a decisão de fazer aquela mudança não deveria ser exclusivamente pelo que ele sentia por ela, mas sim pelo que ele sentia em relação à Deus. Não era crente de fato, mas acreditava e respeitava o mesmo Deus que ela. Não sabia se estava pronto para uma mudança como aquela, mas após um único dia pensando (impulsionado muito mais pelo que sentia pela garota do que por Deus na época) e se lembrando de sua oração e do que pedia à Deus nela, ele aceitou começar a freqüentar a igreja da garota, e eles começaram a namorar.

O rapaz veio a se converter à Jesus de fato mais ou menos um anos após entrar na igreja, se batizando após estudar e ter um encontro com Jesus, suplantando aquele sentimento que ele tinha de que estava ali apenas por causa de sua então namorada. Ele havia achado a Jesus de fato, e com tudo isso a tristeza que ele sentia o abandonou. Uma de suas causas era a falta que sua alma sentia de Deus. A tristeza era proveniente de problemas espirituais em parte, mas não completamente. Ele tinha uma personalidade melancólica, que pode ser agora controlada com uma namorada fenomenal ao seu lado e com Jesus em seu coração. Estava formado um trio imbatível.

A vida relativamente tranqüila do rapaz mudou então. Começou a enfrentar problemas que antes não enfrentava. Lhe explicaram a verdade então. Enquanto estava no mundo o inimigo, Satanás, não se preocupava com ele, pois estava seguindo sua vida sem Deus, e por si mesmo já cometia coisas erradas, que iam contra a vontade do Senhor. Mas no momento em que se entregou à Jesus, o inimigo começou a atacá-lo ferozmente. Com isso as dificuldades foram aumentando. Mas o relacionamento que tinha com sua namorada e com Jesus o mantinha forte e determinado a enfrentar tais dificuldades. Ele se via mais feliz do que nunca havia se sentido, mesmo em meio à tribulações. Aprendeu que nenhuma dificuldade é maior que Deus, e sua fé foi provada cada dia mais e mais, a fazendo crescer em conhecimento e amor por Cristo. Podia se abater vez ou outra, mas Jesus sempre lhe levantava daquela condição.

Hoje o rapaz ainda passa por dificuldades, principalmente financeiras. Ia se casar com sua namorada, e só não o fez ainda devido a estes problemas econômicos. Mas ambos caminham com Jesus suas vidas, e tem esperanças de que no momento certo, estipulado por Deus, as coisas acontecerão de acordo com a vontade perfeita do Senhor. O trio continua forte e unido, e assim ficará para todo o sempre, se Deus quiser.

Acho que ficou claro que o rapaz da história sou eu mesmo, e que tudo o que foi dito aqui é o que aconteceu comigo e com minha noiva nos últimos anos. Nos últimos tempos tenho visto pessoas que não acreditam mais em compromisso e que deturpam a idéia do relacionamento entre homem e mulher. Tenho visto muitas pessoas que ficam saindo com garotas diferentes ao mesmo tempo e que não acham haver problema algum nisso. Tenho visto pessoas que acham a promiscuidade uma coisa natural nos dias atuais. Tenho visto pessoas que não acreditam mais no amor e na fidelidade, coisas que Deus explicita para nós em sua palavra como sendo sua vontade para o ser humano. E tenho visto que muitas destas pessoas ainda dizer crer e amar à Deus. Todos cometemos erros, mas um comportamento destes espelha uma falta de fé e amor ou no mínimo um total desconhecimento da palavra de Deus. Sem dizer que espelha uma total falta de amor próprio e de anseio por suprir seus desejos: é portanto, egoísmo em um certo estado.

Gosto de pensar que Deus me guardou para minha noiva este tempo todo. Isso não ocorreu com ela por motivos que eu não conheço (quem sabe ganhar maturidade emocional ou dar valor a um homem sério quando o encontrasse, não que eu me ache muito sério, mas tento ser), mas eu tentei muito ficar com outras garotas em minha época de não crente, e nunca consegui nada, mesmo com tantas mulheres fáceis pelo mundo.

Sinto curiosidade de saber como são outras mulheres? Estaria mentindo se dissesse que não! Mas eu trocaria meu atual estado para matar esta curiosidade? Por nada deste mundo! Não preciso ficar com outras mulheres para saber o que já sei: que minha noiva é a mulher que Deus me enviou. Não preciso traí-la para saber o quanto a amo e no quanto quero estar com ela! Se a achei é por que persegui tal coisa junto à Deus, mesmo quando não era crente de fato.

Por fim, o que eu queria dizer é que não existe esta história de que todos os homens são iguais ou que todas as mulheres são iguais. O que existem são pessoas que optam pelo certo e pelo errado, e infelizmente mais e mais pessoas parecem optar pelo errado, e nem se sentem mal com isso. Mas existem pessoas por ai que ainda fazem as coisas da forma certa, que temem à Deus o respeitam. Se buscar à Deus, com certeza ele será fiel para lhe trazer a pessoa correta, no tempo correto, e nas circunstâncias corretas.

Acredite em Deus! Acredite no amor verdadeiro! Ele existe, basta ser perseverante e buscá-lo sem desistir ou tentar contê-lo.

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