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28 de abril de 2009

O PARADOXO DO SUICÍDIO

Fico pensando sobre a questão do suicídio na Bíblia. Minha opinião a respeito de um certo número de assuntos vem mudando de acordo com o tempo, pois venho ficando mais experiente ao passar por situações e momentos novos. Este é um deles.

Eu ando deprimido há um bom tempo. Mais tempo do que eu gostaria de admitir. Pensando mais claramente, fazem, acho, alguns anos que venho descendo por uma espiral rumo ao ralo do colapso mental. Nos últimos meses as coisas tem entrado em um momento de convergência, aonde tudo parece que aconteceu ao mesmo tempo e minha mente simplesmente não agüentou mais a pressão e o dique arrebentou.

A verdade é que, na minha cabeça pelo menos, as coisas andam muito ruins. O Universo parece ser mal e pesado. Fazer as pequenas coisas diárias que eu faço desde há muito tempo, como levantar da cama para enfrentar um dia de trabalho, é penosamente insuportável. Até as coisas que antes me davam prazer parecem ter perdido o sabor, e hoje me chateiam. Não é a toa que comecei a fazer terapia.

Diante dessa depressão, desta apatia, o que meu cérebro tem feito é me instigar a não desejar a morte, mas sim a inexistência.

Viver, em certos momentos, é tão insuportável, machuca e desespera tanto que simplesmente quero não existir. Só que existo, e ai meu cérebro começa a divagar em busca de meios para se atingir a não existência. E devaneios de me atirar de cima de um prédio bem alto começaram a florescer em minha imaginação e parecer romanticamente aceitáveis.

Nestes momentos uso minha boa e velha mente racional para me dizer: isso é um problema emocional, e me matar ou fazer qualquer besteira dessas não resolve a questão em si. E ai eu continuo a viver. Triste, deprimido e cansado, mas continuo a viver. “Ainda estou vivo, seus bastardos”, como disse o personagem de Steve McQueen em Papillon.

Então, quando eu ouço pessoas falando que suicidas não tem Jesus no coração ou que são pessoas covardes, fracas e com pouca temperança ou pouca fé (ou seja, de caráter fraco) antes eu concordava, mas agora reflito sobre o drama que se passa dentro de cada mente, de cada coração.

Se a depressão é uma doença e esta doença é causada em sua maioria pela pressão social que temos e pela criação que a pessoa teve (que fez ela ser quem é, ou seja, faz parte das estruturas de seu ser que, se mudadas, podem fazer com que todo o prédio de sua personalidade desmoronem), e se a doença faz a pessoa se matar, ela realmente se matou ou foi assassinada pela causadora da doença? Uma pessoa desenvolve câncer no cérebro, e o tumor a leva a ter surtos aonde acaba se matando. Ela é culpada pelo próprio suicídio?

Viver é uma experiência única para cada pessoa. A realidade é percebida por cada um de maneiras diferentes, com nuances distintas. Daí tantas religiões, filosofias... Cada pessoa sente apenas suas dores, e só ela sabe o quanto aquilo dói para ela. Cada um tem seus limites. E se para uma pessoa um tipo de vida é vivida sem problemas, para outra aquele mesmo tipo de vida é insuportável a ponto de ela desejara morte.

Apesar de desejar em alguns momentos a minha não existência, sei que isso não é saudável, e por isso procurei ajuda. E se ainda não tive uma melhora, sei que ela demanda tempo.

Sei também que se estou agüentando até aqui é devido a criação que meus pais me deram e ao temor que tenho por Deus, que é a única real salvação desta situação. Porque ainda reconheço a vida como o maior dom que Deus pode dar a alguém, por pior que a pessoa ache que seja, afinal você não pode fazer NADA sem vida, não é mesmo?

Mas não se pode diminuir o fato de que doenças de cunho físico ou emocional levam as pessoas a tirar sua vidas. E nem por isso imagino que Deus vá condená-las ao inferno. Ai entra o paradoxo, pois a Bíblia é clara ao dizer que suicidas não entrarão no reino dos céus. Mas eu digo que uma pessoa inescrupulosa que renega a Deus durante toda a sua vida com seus atos é tão ou mais suicida quanto alguém que se joga de cima da ponte. Se matar pode ser um ato de desespero, mas renegar a Deus em uma longa vida é muito pior.

Podemos suportar aflições tremendas pedindo forças a Deus? Podemos! Mas até quando o desespero é tão imenso e cresce tanto em nossas mentes e corações a ponto de nada mais importar? Mesmo quando nossa capacidade de orar e de pensar em Deus está comprometida por uma situação emocional grave e descontrolada, como um desequilíbrio neuroquímico dos nossos neurotransmissores?

Deus não nos dá fardos maiores do que aqueles que podemos carregar, mesmo que tenhamos que nos ajoelhar e pedir a Ele capacitação para tal. Mas as vezes o peso é tão insuportável para nós que algo ocorre em nossas mentes, e como vidro, nos quebramos internamente em milhões de pedaços. Não é que não sejamos capazes de carregar o fardo, mas algo nos faz fracos ou nos faz acreditar que somos fracos.

Sei a resposta dos defensores da doutrina (e a palavra defensor aqui é usada de maneira bastante neutra). Se a pessoa se quebra, é porque não buscou a Deus antes, ou seja, é responsável por seus atos e conseqüências de seu pecado. Mas agora que estou passando por um momento como este, o qual Jesus tem me ajudado a enfrentar mas que nem por isso deixa de ser difícil, me pergunto até qual ponto um suicida pode ser condenado à morte eterna simplesmente por não ter suportado sua própria dor.

Não busco justificar o ato do suicídio. Ele causa, além da óbvia morte de quem o comete, muita dor a aqueles que amam tal pessoal. Não vejo, racionalmente falando (porque emocionalmente são outros 500 neste momento) nenhuma vantagem ou benefício no suicídio. Mas gostaria que as pessoas entendessem (e ajudassem) quem passa por momentos como este, por situações, dores e lutas como estas sem acusá-la de fraqueza, sem meter o dedo na sua cara e apontar defeitos, o que só piora a situação.

O mundo precisa urgentemente de humanos de verdade. O mundo precisa urgentemente de amor real. O mundo precisa ser mais mundo. O mundo precisa mudar. O mundo precisa de Deus. Deus de verdade, de mudanças reais na mente e coração das pessoas. De alteração da realidade, de mudança da natureza humana, se salvação. Por isso oro, por mais sobrenatural que possa ser.

3 comentários:

O preconceito contra pessoas deprimidas é muito grande, mesmo por parte de profissionais médicos. A todo momento os deprimidos são tachados de fracos e egoístas, o que só piora a progressão da doença. Uma frase que utilizo muito para "tentar" explicar a depressão para leigos é a de que o suicida não quer se matar, mas quer matar a dor da vida. Se há algo bom na depressão eu não sei, mas ela tem cura, e depois de passar por isso (sem morrer, obviamente), a sua percepção sobre o mundo e sobre os problemas muda completamente. Espero que você atravesse ess dura fase de crescimento com apoio dos familiares. Abraçossss

Creio eu que você vai superar a depressão que te incomoda ,Jesus e seu analista encontrarão a melhor forma para você dominar suas dores e difilcudades e tornar te feliz e cre conceguirás com certeza,converse com bons amigos de confiança ,relaxe programa seu dia para ter seus momentos de descontração, num dia de sol deixa o sol te acariciar seu rosto e o vento desarrumar seus cabelos,faças te feliz e os que te arrodeiam também felizes
Forte abraço amigo